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Elementos em comum entre Boca e Rosario Central

Os gêmeos Guillermo e Gustavo Barros Schelotto antes de um duelo por Boca e Central. Outros irmãos recentes foram os Burdisso. Mas o duelo auriazul não é nada fraternal

Nessa quinta-feira xeneizes e canallas reeditam na Supercopa Argentina a feroz disputa em auriazul que marcou o ano de 2015, onde o time da capital levou a melhor sobre o rosarino tanto no campeonato argentino como em uma polêmica final na Copa Argentina, onde o Boca foi inegavelmente favorecido pela arbitragem. Dessa vez, é ele quem vem em baixa, juntando os cacos da final da Libertadores perdida para o maior rival, enquanto o Central pôde festejar na Copa nacional após um traumático trivice em anos recentes – e encerrar um jejum de 24 anos sem conquistas expressivas.

O fanatismo pelas mesmas cores em contraste com um esterótipo mais frio atribuído a seus respectivos rivais (também próximos nas cores, por sinal) é o que mais aproxima Boca e Rosario Central – além das vantagens nos confrontos diretos no Superclásico e no Clásico Rosarino, por vezes mencionado como mais intenso que a própria rivalidade-mor do futebol argentino; afinal, o dérbi de Rosario não aceita vira-casacas há mais de 35 anos. Por outro lado, não houve nenhum ano em que Boca e Central tenham festejado conjuntamente, a não ser quando considerada a velha liga municipal rosarina, na qual os canallas estavam limitados até serem convidados juntamente com o rival Newell’s para disputarem a partir de 1939 o campeonato argentino. Até então, foram campeões nos torneios referentes a 1919, 1923, 1930 e 1940.

Os títulos de 1919 e 1923, inclusive, fizeram ambos disputarem a Copa Ibarguren, um tira-teima entre o campeão “argentino” (entre aspas, pois o campeonato autodenominado argentino era na realidade uma liga regional como tantas no país, limitada de modo oficial à Grande Buenos Aires e La Plata) e o rosarino. O Boca levou a melhor em ambas, por 1-0 em 8 de fevereiro de 1920, gol de Pedro Miranda já aos dez minutos, no estádio do Gimnasia y Esgrima de Buenos Aires, o GEBA; e em 8 de junho de 1924, gol a seis minutos do fim da prorrogação, gol de Dante Pertini no estádio do Sportivo Barracas – Pertini era um tio de Alfredo Di Stéfano.

Após serem admitidos na liga “argentina”, Central e Newell’s inicialmente acumularam compromissos nela e na liga rosarina, que gradualmente decaiu de prestígio. A Copa Ibarguren foi descontinuada a partir de 1942, tendo ainda um punhado de edições esparsas (agora envolvendo outros representantes do interior) até deixar de ser realizada após 1958. A edição válida por 1940 foi a última a opor Boca e Central. E, novamente, o time da capital se sobressaiu, com um sonoro 5-1 em 4 de janeiro de 1941 no estádio do Chacarita. O gol de honra foi anotado por Harry Hayes, por sua vez filho de outro Harry Hayes, presente nos duelos de 1920 e 1924 e até hoje o maior artilheiro centralista.

A torcida do Boca no limite do campo, tolerada pelo juiz na final do Torneio Nacional de 1970, e o pênalti inexiste na final da Copa Argentina de 2015: queixas do Central

Além das Ibarguren, os dois clubes antes de 2015 disputaram outros três troféus: na Copa Competencia de 1919, no Torneio Nacional de 1970 e no campeonato argentino da temporada 1986-87. A Copa Competencia unia times das associações “argentina” e “rosarina e a final da edição de 1919 deu-se em 18 de janeiro de 1920, poucas semanas antes do duelo válido pela Ibarguren. O estádio do GEBA também recebeu aquele duelo, terminado igualmente em 1-0 em final frenético: 7 minutos da prorrogação, o goleiro boquense Américo Tesorieri pegou um pênalti e aos 8 foi a vez dos xeneizes terem um pênalti para si, convertido por Pedro Calomino. Em 1970, o estádio do River recebeu uma final em que os canallas ameaçaram reverter a freguesa histórica. O volante Ángel Landucci abriu o placar aos 40 minutos, e a onze minutos do fim Ángel Rojas, o ídolo Rojitas, empatou.

Na prorrogação, Jorge Coch decretou a virada aos 4 do segundo tempo. E já ali havia queixa rosarina: o árbitro tolerou que a torcida boquense se colocasse literalmente à beira do gramado, o que intimidou a camisa menos pesada do interior. A temporada de 1986-87, porém, serviu a diversos desafogos da massa centralista. Após um dourado período entre 1971 e 1980, quando ganhou três de seus quatro títulos argentinos (os dois primeiros também foram os primeiros de um time do interior), o clube foi rebaixado em 1984. Mesmo concorrendo contra o Racing, ganhou a segundona de 1985 e conseguiu algo nunca igualado no profissionalismo argentino: um bicampeonato da segunda com a primeira divisão. O Boca foi um dos concorrentes, embora já não tivesse chances de título na rodada final. O vice-campeão? O Newell’s.

Contamos aqui aquele campeonato histórico, ainda o último levantado pelo Central na elite argentina – depois vieram apenas a Copa Conmebol de 1995 e a Copa Argentina ano passado como títulos importantes; a torcida não faz questão de considerar a segunda divisão de 2013. Já dos duelos que não valiam títulos, o mais histórico foi um em 1999, no qual o Boca, vencendo por 1-0 (gol de Sergio Bermúdez), chegou a 40 jogos de invencibilidade, decretando um novo recorde do tipo no campeonato argentino profissional. Vamos, enfim, a quem se destacou nos dois:

Octavio Díaz: foram apenas sete jogos pelo Boca, mas na história turnê europeia de 1925, a primeira de um clube argentino. O titular era o citado Américo Tesorieri, mas foi El Oso (“O Urso”) Díaz o goleiro no 1-0 sobre o Real Madrid, um entre tantos resultados destacados logrados pelos xeneizes. O robusto Díaz foi emprestado pelo Rosario Central para aquela excursão; nos canallas, era sobrinho de Zenón Díaz, um dos primeiros hispânicos no clube e na seleção argentina, quando ambos ainda eram dominados pela comunidade britânica. Como outro destacado personagem das primeiras décadas da história centralista, Díaz também serviu a seleção, convocado às Olimpíadas de 1928, só se ausentando da Copa de 1930 por conta de uma greve do futebol rosarino.

O áspero Rodolfo Dezorzi e o elegante César Menotti, destacado no Boca mais como treinador

Rodolfo Dezorzi: revelado no Provincial de Rosario, Dezorzi foi incorporado pelo Central em 1941 – ano do primeiro rebaixamento canalla. O acesso não tardou e em fevereiro de 1945 ele figurou na vitoriosa Copa América pelo que produzira ainda como jogador do clube, embora já estivesse negociado com o Boca, onde só estreou em março. Era um zagueiro duro, com sua parceria com José Marante sendo apelida de Mellizas Legrand por ironia; as tais gêmeas Legrand, ainda vivas (Mirtha Legrand, mesmo nonagenária, segue como prestigiada apresentadora televisiva no país, inclusive vibrando por seu Racing campeão em 2019), afinal, eram atrizes angelicais. Dezorzi inclusive demorou a ser aceito pela torcida, pois enfrentando o Boca pelo Central em 1941 chegara a fraturar Luis Carniglia. Mas pôde ficar meia década no clube. Seu irmão Alberto Dezorzi também defendeu o Boca, como grande vira-casaca: jogou no River e em outra dupla rival, Atlanta e Chacarita.

César Menotti: antes de ser o técnico vitorioso da Copa do Mundo de 1978, Menotti pôde defender a Argentina também como jogador, quando pertencia ao Central. Estreou pouco após a Copa de 1962 e participou da Copa América de 1963, embora ficasse cinco anos sem defender a Albiceleste. Ele era um clássico armador argentino, refinado para os fãs e lento para os críticos. No Boca, além de uma estadia esquecível como jogador em 1966, teve duas passagens como técnico consagrado – ambas marcadas por um boom seguido de acomodação, no primeiro semestre de 1987 e no biênio 1993-94, mesmo após ter entre elas passado pelo River (onde Sergio Batista, seu comandado, explicou: “Menotti em 5 minutos de transmite o que outros podem demorar 5 dias. Talvez sua falha seja que quando convenceu o dirigente, o torcedor e o jogador, perca a motivação por não poder motivar mais. Por isso, suas equipes duram sete ou oito rodadas”.

Em 1987, o Boca estava em 14º quando Menotti chegou conseguiu sete vitórias seguidas, chegando inclusive a liderar na 34ª rodada, mas perdeu fôlego na reta final e viu o Central ser campeão. Ainda assim, o treinador só saiu por vontade própria, ao alegar problemas pessoais. El Flaco voltou ao Boca no fim de novembro de 1993, na 12ª rodada do Apertura. O clube vinha até então com só seis gols marcados. Veio então uma sequência de bons resultados, com um 6-0 no Racing (então líder do torneio) sendo o mais notável. O Boca, embora nesse mesmo período tenha perdido de 6-1 para o Palmeiras e ficado na lanterna de seu grupo na Libertadores de 1994, saltou naquele Apertura 1993 (finalizado só em março de 1994) para uma colocação a dois pontos do campeão River. Menotti, murchou depois no Clausura e no Apertura válidos por 1994, ainda que tenha levado o clube à decisão da Supercopa, mas não sobreviveu a um 3-0 sofrido em casa para o River na Bombonera pelo Apertura.

Carlos Aimar: meia contratado ainda como juvenil em 1970 junto ao Sporting de Corral de Bustos, interior santafesino, foi promovido no ano seguinte como volante do elenco campeão nacional – um título saboreado especialmente pelo triunfo sobre o Newell’s nas semifinais. Cai Aimar, que não tem parentesco com Pablo, também foi campeão em 1973 e cogitado à seleção que iria à Copa de 1974. Ficou até 1978 no Central e é reconhecido como um dos maiores personagens canallas. No Boca, trabalhou no biênio de 1989 e 1990. Saiu pelos fundos, após boicotar polemicamente o ídolo Claudio Marangoni, mas com história feita: ganhou a Supercopa de 1989 e a Recopa de 1990, os primeiros títulos xeneizes desde o maradoniano Metropolitano de 1981, encerrando a década perdida.

Marcelo Delgado e Roberto Abbondanzieri conviveram nos dois, mas são desafetos. A foto mais à direita ainda tem Nicolás Burdisso e Guillermo Barros Schelotto, cujos irmãos defenderam os dois clubes

Kily González: vigoroso (às vezes excessivamente) volante ou ponta, ele também não deixava de ter habilidade com a perna esquerda e despontou em 1993 no Central, a ponto de ser sondado em 1995 pelo Real Madrid. Ele, porém, preferiu ir ao Boca para ser colega de Maradona. Não virou ídolo, mas teve um desempenho interessante que o fez estrear pela seleção como jogador xeneize, ainda em 1995. Embora não tenha ganho títulos, ele e colegas estiveram no páreo até a penúltima rodada do Apertura e do Clausura da temporada 1995-96, quando Kily então partiu a La Liga. Após uma carreira exitosa por Valencia e Internazionale, teve mais dois ciclos no Central: de 2006 a 2008 e depois para tentar ajudar o time do coração a sair da segunda divisão na temporada 2010-11, sem êxito.

Marcelo Delgado: produto da base canalla, o atacante foi promovido em 1990 ao time adulto, firmando-se a partir de 1991. Ficou até 1994, quando teve seu primeiro ciclo na Cruz Azul. Estava há quatro anos no Racing quando o Boca o contratou em 2000. El Chelo logo desbancou a titularidade do ídolo Guillermo Barros Schelotto para a Intercontinental, para depois engatar dupla com o próprio Mellizo após a venda de Martín Palermo, sendo inclusive aproveitado ocasionalmente na seleção. Campeão da Libertadores de 2001, chegou a ser vilanizado pela expulsão na derrota do Mundial de 2001. Reergueu-se como o artilheiro da Libertadores de 2003, embora logo voltasse à Cruz Azul. Teve novo ciclo no Boca entre 2005 e 2007, agora como opção útil de banco no time que venceu uma Sul-Americana e duas Recopas.

Família Barros Schelotto: os gêmeos Guillermo e Gustavo Barros Schelotto formaram-se no início dos anos 90 no Gimnasia LP, time do coração de ambos e onde o pai fora até presidente, e onde estiveram na taça recente mais expressiva do clube. Foram contratados pelo Boca em 1997, a pedido de Maradona. O atacante Guillermo não tardou a se sobressair, estreando já marcando gol (curiosamente, na mesma partida o último gol de Maradona) para inaugurar uma estadia de dez anos contínuos e diversos títulos – Guille foi até 2012 o jogador mais vezes campeão no clube. O volante Gustavo foi prejudicado pelo temperamento (que lhe custou um exílio semestral no Unión de Santa Fe no Clausura 1998 após ir às vias de fato com o técnico Héctor Veira na pré-temporada) e pela inevitável comparação com o irmão, mas não foi exatamente um fracasso: dos 90 jogos que fez, fez onze gols, bons números para um volante, especialmente ao levar em conta que sua titularidade deu-se em 68 jogos.

Na Libertadores de 2000, Gustavo foi titular em especial naqueles 3-0 sobre o River nas quartas e no jogo de ida da final. Um de seus gols pelo Boca foi em amistoso contra o Villarreal e o clube espanhol comprou El Tiburón (“O Tubarão”) junto com Martín Palermo após o Mundial Interclubes. Não deu certo na Europa e logo foi emprestado ao Racing, mas se deu bem, como titular do elenco que tirou a Academia de seu jejum nacional de 35 anos já no Apertura 2001. Depois foi repassado ao Rosario Central, onde não ganhou títulos nem virou exatamente lenda, mas os dois anos geraram uma identificação mútua, a ponto do volante batizar uma filha de Rosario e cogitar chamar outra de Juana Central. Os Mellizos Barros Schelotto voltaram a se unir como dupla técnica, primeiramente no Lanús campeão da Sul-Americana de 2013 e depois no Boca. Após as amarguras diante do rival em 2018, estão no Los Angeles Galaxy.

Roberto Abbondanzieri: chegou ao Central aos 15 anos e foi promovido em 1994. O titular era Roberto Bonano, de quem foi reserva na vitoriosa Copa Conmebol de 1995; o compromisso continental, porém, fez o técnico Ángel Tulio Zof promover um rodízio entre os goleiros, com El Pato sendo o titular no campeonato argentino e vendido em 1996 ao Boca, tempos em que seu sobrenome ainda era registrado como Abbondancieri. Se a reserva no Central não era um problema, no Boca ele precisou ser mais perseverante; foram anos no banco, primeiramente para Carlos Navarro Montoya e depois para Oscar Córdoba, até firmar-se a partir de 2002 e ganhar em 2003 a Libertadores e o Mundial – rendendo em 2004 uma estreia de veterano na seleção argentina. Teve suas noites de protagonista nas decisões por pênaltis no Mundial de 2003 contra o Milan e da Sul-Americana de 2005 frente o Pumas; nessa, não só defendeu alguns como ainda cobrou o pênalti do título. Titular na Copa de 2006 ainda como xeneize, foi vendido ao Getafe após o Mundial.

Daniel Díaz (mais à esquerda, com Luciano Figueroa, que também jogou no Boca) e Jesús Méndez são os mais recentes dignos de nota na dupla

Daniel Díaz: suas origens em Catamarca renderam-lhe o codinome Cata Díaz. O zagueirão apareceu em 1999 no Central, integrando o time vice-campeão para o River, semifinalista da Libertadores em 2001 e que pôde classificar-se à Libertadores para a edição 2004. Nesse embalo, estreou em 2003 pela seleção argentina. Díaz, porém, deixou o clube ainda em 2003, como um dos tantos canallas que atraíram a Cruz Azul (Luciano Figueroa e César Delgado foram outros). Em 2004, já voltava à Argentina para uma boa temporada no Colón, de onde rumou ao Boca. Destacou-se sobretudo na Libertadores de 2007, a última vencida pelos xeneizes, rendendo uma convocação à Copa América e transferência ao Getafe. Cata Díaz ainda teve um segundo ciclo no clube, entre 2013 e 2016, figurando como adversário do Central nas conquistas dobradas de 2015.

Família Burdisso: o defensor Nicolás Burdisso dispensa maiores apresentações. Mesmo jovem, conseguiu lugar cativo no Boca que conquistou tudo entre 1999 e 2004, estreando em 2003 pela seleção – com 22 anos de idade, já tinha três Libertadores e dois Mundiais. A partir de 2004, iniciou uma reconhecida carreira na Itália, sobretudo pela Internazionale e na Roma. O irmão Guillermo Burdisso, por sua vez, foi formado em times pequenos da Grande Buenos Aires até ser contratado pelo Rosario Central em 2007. Teve uma boa fase justamente na temporada do rebaixamento, em 2010 – foi nela que fez seu único jogo pela seleção, inclusive marcando gol. Chegou a dividir elenco na Roma com o irmão, emprestado para a temporada 2010-11, mas veio a ter maior luz própria somente no Arsenal campeão argentino pela primeira vez, em 2012. O Boca contratou-o imediatamente, mas o Burdisso mais jovem não teve o mesmo êxito.

Jesús Méndez: esse zagueiro encerrou recentemente a carreira e o lembramos como o último a ter defendido o trio de ferro formado por River, Boca e Independiente e também o penúltimo no trio “noventista” River, Boca e Vélez. Mas o clube com o qual mais se identificou foi o Central. Formado no River, Méndez apareceu em 2010 no Boca e sua boa fase rendeu-lhe uma aparição na seleção argentina naquele ano. Em 2011, porém, foi emprestado aos canallas, que lutavam para sair da segundona. Sem êxito inicial, foi reincorporado aos xeneizes, mas ele mesmo preferiu voltar a Rosario e participou do acesso em 2013, sendo comprado em definitivo em 2014 – embora logo rumasse ao Independiente.

Por fim, o duelo auriazul rendeu um dos vídeos mais folclóricos no que se refere ao jogo alheio ao gramado – cheio de provocações nada politicamente corretas entre torcedores dos dois lados, na temporada 2007-08, quando os rosarinos passaram a enfrentar o rebaixamento consumado em 2010. É o “negro boliviano” tristemente usado como xingamento aos visitantes no Gigante de Arroyito de um lado e o zombeteiro “quem não salta é um leitão” em resposta à figura eternizada como “o gordo do Central”. Abaixo:

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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