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951 minutos depois, Palermo marca e o Boca vence o Huracán

Fernando Torres, David Villa, Gonzalo Higuaín e até mesmo o amigo próximo Guillermo Barros Schelotto. Todos goleadores consagrados que estavam de mal com o gol, assim como Martín Palermo. Neste fim de semana sagrado para os cristãos, eles encontraram a ressurreição. El Loco pôs fim a sua espera incômoda na reta final de carreira ao anotar o último dos três tentos da vitória sobre o Huracán, em Ducó, por 3 x 0.

Ao Globo, uma partida a menos para tentar se livrar da zona de Promoción. Ainda se encontra na 18ª posição na tabela dos promédios, e como consolação, apenas o empate do rival direto Gimnasia, e a demissão de Ramón Diaz como técnico do inimigo San Lorenzo, adversário do clássico na próxima rodada.

Ambas as equipes levaram mais tempo do que deviam para entrar em campo, de modo que o início do confronto atrasou em quase dez minutos. O jogo própriamente dito também demorou para esquentar, sem muitas emoções no início diante da desorganização dos anfitriões e da cautela dos visitantes. O único que arriscava alguma coisa era o jogador mais desesperado em campo: Martin Palermo, na ansiedade para acabar com a seca de gols (869 minutos antes do apito inicial).

Só que ao longo do primeiro tempo, os Xeneizes perceberam o espaço deixado pela defesa Quemera que permitia contragolpes de qualidade. Num deles saiu o único gol da etapa, com participação de todos no trio ofensivo de Falcioni. Palermo começou tudo e passou para Mouche. O atacante da seleção local avançou rumo à área e levou a bola para a cara do arco, onde Chávez só precisou empurrar para as redes: 0 x 1, aos 19 minutos.

Os quase 30 minutos seguintes assistiram o resto da luta de Palermo contra o próprio jejum. Duas oportunidades merecem maior destaque, em passes de Nicolas Colazo aos 29 e nos acréscimos do primeiro tempo. Em ambos, o goleiro Gastón Monzón, único remanescente da equipe vice-campeã do Clausura 2009, parou o otimista do gol. Em ambas, também se reparou o nervosismo do Titán em se livrar da marca incômoda.

Eis que na volta dos vestiários, o veterano teve a chance de observar, admirar e aprender com aquele que lhe serviu as assistências. Colazo correu para o ataque, limpou a marcação e venceu Monzón sem que o ponteiro maior do relógio desse uma volta sequer na etapa final: 0 x 2.

Ainda que a equipe de Roberto “Tito” Pompei tenha deixado de lado as cortesias com a ex-equipe do comandante após este gol a jato, ainda faltava qualidade a pressão Quemera. Nem parecia que Javier Cámpora, vice-artilheiro do Clausura 2011, estava do lado deles. Apesar de jogar com a torcida a favor, e contra um adversário satisfeito, não empolgavam na busca pelo empate.

Uma vez mais, o único atrativo da partida se concentrava na saga de Palermo contra os próprios fantasmas. Bola no travessão, por cima dele. Nem de cabeça El Loco conseguia convencer a Jabulani a trabalhar com ele, como nos velhos tempos. Até que aos 37 do segundo tempo, no 951° minuto de tabu, Mouche presenteia o companheiro de ataque com a chance definitiva num contragolpe, e a perna esquerda velha de guerra não o decepciona desta vez: 0 x 3, placar final.

Depois do alívio, Palermo se permitiu até uma brincadeira ao falar com os repórteres. “Se eu errasse aquela última oportunidade, era para sair direto do estádio”, comentou.

HURACÁN: Monzón; Lemos, Facundo Quiroga, Matias Quiroga e Ospina; Ojeda (Soplán), Battaglia, Machín (Bottaro) e Maidana; Cámpora e Zárate (Roffes). DT: Roberto Pompei

BOCA JUNIORS: Lucchetti; Cellay (Ruiz), Caruzzo, Insaurralde e Monzón; Somoza, Erviti (Sánchez Miño) e Colazo; Chávez; Mouche (Noir) e Palermo. DT: Julio César Falcioni

Próximos confrontos: San Lorenzo x Huracán; Boca x Independiente

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

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