80 anos do superartilheiro Luis Artime: 48 gols em 57 jogos pelo Palmeiras, 70 em 80 pelo River, 24 em 25 pela seleção…

“Não diga Artime, diga gol” foi uma expressão comum na Argentina nos anos 60. Naquela década, de fato ninguém apareceu mais vezes na capa da quase centenária revista El Gráfico (foram dezessete vezes) do que um dos mais implacáveis goleadores que o futebol já viu. Além dos números citados no título dessa matéria, Luis Artime também anotou 50 gols em 67 jogos pelo nanico Atlanta, que no embalo dele viu o auge. Profissional, fez ainda 45 em 72 partidas pelo Independiente, embora seja torcedor do rival Racing, exatamente o clube mais vitimado por ele (17 gols sofridos). Artime, sobretudo, foi também o homem responsável pela primeira Libertadores e Mundial de um gigante, o Nacional uruguaio. Ontem ele fez 80 anos e vale relembrar quem foi superado apenas por Maradona em número de artilharias profissionais do campeonato argentino.

Artime não era dotado de um estilo vistoso, se recordando de um único drible de caneta em toda a carreira. Tal como um Gerd Müller, porém, unia um faro que beirava o sobrenatural junto a grande senso de colocação e oportunismo: “eu era um jogador de área, sempre estava em movimento, caminhando ou com piques curtos para sacar-me acima dos defensores e para estar sempre bem perfilado na segunda trave do goleiro. Assim ficava pronto para entrar no gol com a bola e tudo (…). Agora escuto que o gol é uma questão de sorte e dou risada. A sorte não dura 20 anos. Ao gol se tem que ir busca-lo. Minha virtude foi sempre adiantar-me, chegar um segundo antes do rival para poder definir. Era um assunto de intuição”. A ironia era que não cobrava pênaltis, só tendo chutado uma vez.

“Há uns mais bonitos que outros mas, na realidade, todos os gols valem um e têm sua importância. Não interessa com que parte do corpo o fizeste, se foi lindo ou feio: se passa da linha, é gol”. De fato, fazer gols de fora da área não era o seu forte, e sim embaixo da trave. Era daqueles que não ligavam para a tosqueira de um gol de joelho (“tenham decisão e fé na área e chutem. Vi muitos gols perdidos por luxos desnecessários. E percam o medo da palavra vergonha. Mandava cinco seguidas para a arquibancada, e não me importava, alguma ia entrar”, aconselhou em 2014 em entrevista à revista El Gráfico), comemorando efusivamente até gols em treinamentos. Veloz para tirar proveito de falhas adversárias, fez muitos de rebotes.

O Atlanta não joga a elite argentina desde 1984 e viveu seu auge sob os gols de Artime. Ao meio, com o “concorrente” José Sanfilippo e à direita em jogo festivo em 1993

Artime tinha uma inteligência excepcional para colocar-se no lugar preciso e definir com toque curto ou de cabeça. “Artime sabe uma barbaridade. Sabe tanto que pode dar-se ao luxo de fazer-nos crer que sabe muito pouco”, disse seu técnico no Nacional, Washington Etchamendy. Modesto, o argentino teria declarado a João Saldanha que “quase a metade de meus gols acontecem porque erro a conclusão. Por exemplo, eu tenho um método para cabecear: se o cruzamento vem da esquerda, eu enquadro o corpo de tal forma que meu ombro direito aponte para o poste esquerdo do goleiro. Então, escolho um canto, mas como acho fundamental que minha testa bata em cheio na bola, com força, raramente acerto o canto escolhido. Só que como estou com o corpo bem enquadrado, mesmo que erre um pouco a bola acaba indo com força no gol e os goleiros não conseguem pegar”.

Saldanha, então, indagou: “E os gols com o pé?”. A resposta: “são mais ou menos a mesma coisa. No entrevero da grande área, eu tento ser rápido e chutar forte, mas nem sempre consigo olhar para onde. Muitas vezes pego mal na bola, mas ela entra assim mesmo. É até melhor quando erro um pouquinho, porque acabo enganando os goleiros”. Saldanha retrucou: “e os toques na saída do goleiro?”, ouvindo que “como sou veloz, tento chegar logo na bola e não dou tempo para eles saírem. Então, dou uma bomba sem olhar, na direção do gol. Eles não têm tempo para reagir”. O livro do centenário do River contém ainda essa declaração: “Sempre fui goleador, desde que estava no baby. Mas, sinceramente, nunca pensei em chegar na primeira divisão. Sonhava, sim, mas me parecia um sonho impossível”.

Artime nasceu em Mendoza, onde seu pai trabalhava como inspetor na ferrovia local, e começou em aulas infantis do Independiente Rivadavia, um dos principais clubes locais. Sua família era de Junín, na província de Buenos Aires, para onde voltaram quando ele tinha 9 anos. Passou ao Independiente de Junín, de onde chamou a atenção do sumido Atlanta, pequeno mas tradicional. Para ingressar lá, cometeu uma travessura; havia dito ao pai que recebera uma folga da ferrovia, onde começara a trabalhar havia seis meses, seguindo os passos paternos (“quando se inteirou, já era tarde”). “No Atlanta, fui muito bem, mas sofri muito o processo de adaptação. Não sei se a Capital realmente me assustou, mas nos primeiros tempos me sentia perdido, como ocorre à maioria dos garotos do interior que vem jogar em Buenos Aires. Éramos vários os de fora e olhávamos a cidade grande com desconfiança, com algum medo, quase escondidos na pensão”.

No River, foi um matador sem títulos. Não perdoava nem o clube do coração, o Racing

“Quando cheguei ao clube, o técnico do time era Victorio Spinetto e nesse dia estava testando jogadores. Comecei nos aspirantes em 1958, mas ao cabo de 9 jogos me subiram ao time B. Até que nesse mesmo ano pude estrear no principal…”. A ascensão foi apadrinhada por Osvaldo Zubeldía, que, ainda jogador, era do seu mesmo bairro em Junín e já lhe conhecia – depois, seria o técnico do Estudiantes tri da Libertadores entre 1968-70. Justo entre 1958-64, o Atlanta viveu seus melhores anos, se intrometendo regularmente entre os grandes. Venceu em 1960 a Copa Suécia, seu troféu mais expressivo, e foi duas vezes 4º no campeonato argentino (seu melhor desempenho até ser 3º em 1973). Em 1959, Artime ainda tinha que se desdobrar com o serviço militar, chegando a participar do mesmo campeonato de forças armadas figurado por Pelé.

Já em 1960, o jovem se tornou o primeiro a marcar três vezes em um só jogo na Bombonera, em um 4-4 com o Boca. Também conseguiu um triplete em um 4-3 no Racing do coração. E mesmo em derrotas vitimou River (2-1) e o rival Chacarita (5-2). Explodiu em 1961: foi vice-artilheiro com 25 gols (só um a menos que José Sanfilippo, maior goleador da história do San Lorenzo, clube muito maior) e o time outra vez ficou em 4º. “Minha alegria era enorme. O primeiro que me passou pela cabeça foi todo o esforço que haviam feito meus velhos para que eu jogasse futebol. O único que me exigiram foi que não deixasse os estudos”, declarou sobre aquele momento. O River contratou muitos daquele Atlanta: Mario Bonczuk, o goleiro Hugo Gatti, o meia Mario Griguol. Só Artime vingou. Chegou a Núñez em 1962 (poderia ter ido à Copa do Mundo, mas o técnico Juan Carlos Lorenzo não lhe apreciava), por 15 milhões de pesos.

“A mudança foi grandíssima, eu mudei de um clube pequeno a um monstro como o River. No Atlanta, a relação era familiar: todos nos conhecíamos, o clima era muito direto. E de repente me encontrei com um River poderoso e considerado entre as melhores instituições do mundo. Aí estava eu…”. Naquele 1962, voltou a aprontar contra o Boca, que perdeu de virada por 3-1 sofrendo três gols em três minutos seguidos. Dois, de Artime, que seria artilheiro do campeonato. Mas o River ficou no vice para o rival, que se vingou: venceu-o na penúltima rodada. O Millo teve a chance do empate no fim. Artime sofreu pênalti que o brasileiro Delém perdeu, ocasião que ele rotulou como o dia mais triste da carreira. Eram os anos de jejum entre 1957-75, em que pese bons jogadores que o River tinha; por exemplo, em 1961 impôs a primeira derrota em 9 anos do Real Madrid de Di Stéfano no Bernabéu. Na mesma excursão, derrotou Juventus e Napoli na Itália.

Embora racinguista, brilhou no Independiente. Na rodada final de 1967, marcou dois em um 4-0 no clássico: o Rojo foi campeão argentino sobre o rival que no mês anterior fora campeão mundial

“Até hoje não entendo como não pudemos obter nenhum título nesses anos”, já disse Artime. O time costumava ter grandes arrancadas inicias para na reta final perder fôlego. Em 1963, Artime foi novamente o artilheiro, mas não evitou novo vice, agora para o Independiente. Em 1964, ficou a dois gols da artilharia, sem evitar um terceiro vice seguido, novamente para o Boca. Apesar dos 70 gols em 80 jogos pelo Millo, o artilheiro foi visto como descartável em 1965, após lesionar o tendão de aquiles e marcar só quatro gols no ano, ainda que um no Boca e outro no Racing. Assim, foi adquirido pelo Independiente, embora nunca negasse ser torcedor do Racing, clube pelo qual chegava a viajar cinco horas de trem desde Junín para assisti-lo na adolescência – seus modelos eram Rubén Bravo e Rubén Sosa (não confundir com o xará uruguaio), artilheiros racinguistas dos anos 50. Quando adulto, porém, “já era um profissional e só pensava em fazer gols pelo clube que me contratasse”.

A primeira vez que Artime marcou duas vezes em um jogo havia sido justamente sobre a Academia, anotando os dois do Atlanta em um 2-2 dentro de Avellaneda em 1959. Sobre o time do coração já havia também imposto vários tripletes (além daquele 4-3 pelo Atlanta em 1960, também em um 6-2 pelo River em 1962 e um 4-2 em 1963, virando nessa partida uma derrota parcial de 2-1; nesse mesmo ano, no returno, fez os dois gols da vitória por 2-1 em Avellaneda). Em tempos em que havia cordialidade entre as torcidas, não teve maiores problemas, especialmente por vingar desde o início pelo Rojo: nas dez primeiras rodadas, já acumulava oito gols. Para a Copa do Mundo, o técnico seria novamente Juan Carlos Lorenzo, que dessa vez não abriu mão do goleador.

Na Inglaterra, Artime fez quatro dos cinco gols argentinos. De volta ao país, obteve sua terceira artilharia no campeonato nacional, que incluiu ainda dois gols em um 3-3 em Clásico de Avellaneda realizado na casa do rival, campeão argentino daquele ano com um recorde de invencibilidade de 39 jogos. Outros dois gols sobre o Racing do coração foram feitos em um 4-0 no clássico da última rodada de 1967. Rojo foi campeão ali e pôde carimbar a faixa do rival, que há pouco havia sido o primeiro clube argentino campeão mundial. Aquele Independiente era treinado pelo brasileiro Osvaldo Brandão (classificado por Artime como o melhor técnico que já teve, naquela entrevista de 2014 à El Gráfico) e teve um recorde de 87% de aproveitamento na era profissional. Artime foi, pela quarta vez, o artilheiro do campeonato. Só Maradona foi mais vezes artilheiro do torneio.

O Nacional uruguaio viu o melhor Artime. Em revista sobre o centenário tricolor, ele está na capa ao lado do barbudo Hugo de León

O ano de 1967 foi também o último ano de Artime na seleção. Foi o artilheiro da Copa América, mas o Uruguai venceu os hermanos e ficou com a taça em uma das quatro derrotas em 25 jogos do centroavante pela Argentina. Nesses 25 jogos, marcou 24 gols (dois deles, em um 2-1 na Bolívia no primeiro triunfo argentino na altitude de La Paz), que faziam dele o maior artilheiro da seleção na época – foi depois superado apenas por Maradona, Crespo, Batistuta e o atual recordista, Messi, que jogaram muitas vezes mais. Se perdeu nos números absolutos, Artime segue rei nos relativos: sua média de 0,96 segue como a mais alta da seleção argentina considerando quem a defendeu mais de dez vezes a partir dos anos 60, década em que o futebol começou a retrancar-se.

A trajetória pela seleção terminou pois era o que ocorria na época a quem, mesmo em forma, ia jogar no exterior. Artime foi ao Palmeiras em julho de 1968 e estreou em amistoso contra o próprio Independiente: 4-0, marcando dois gols, em jogo que marcou a estreia também do zagueiro Luís Pereira pelo Verdão. A estadia palestrina do argentino foi curta, mas marcante: 48 gols em 57 jogos. 19 deles foram no Paulistão de 1969 e só Pelé fez mais (“fui vice-artilheiro sem bater um só penal, El Negro sim batia”, riu em 2014). Outros cinco foram no Rapid Viena, ainda um recorde no clube em partida internacional. Quando o ídolo atleticano Reinaldo foi contratado em 1986, reportagem da Placar usou Artime, Vavá, Mazzola e César Maluco como exemplos de goleadores do passado cujas trajetórias seriam uma pressão para o reforço.

Artime foi palmeirense por pouco tempo porque clube e jogador se agradaram com os 200 mil dólares ofertados pelo Nacional, que acabava de perder a Libertadores pela terceira vez em cinco anos e sentia falta de um homem-gol. O brasileiro Célio era a principal referência ofensiva, mas não se dava bem em jogos decisivos. O técnico, o também brasileiro Zezé Moreira, sem pachequismos, não hesitou em recuar Célio para que esse passasse a municiar Artime, que mal chegou e foi campeão e artilheiro do campeonato uruguaio (ele deixou o Palmeiras ainda antes do vitorioso Robertão de 1969, embora fontes errôneas atribuam-lhe também como campeão brasileiro). Com mais de 30 anos, o atacante começava a etapa mais vitoriosa da carreira. Seriam 158 gols como tricolor.

No Palmeiras, o argentino foi bem. No Fluminense, onde chegou junto com Gerson, nem tanto

Em um time que reunia oito titulares do Uruguai semifinalista da Copa de 1970 (“se na Copa tivéssemos um artilheiro como Artime, o jogo contra o Brasil seria muito mais duro do que foi”, afirmou Luis Cubilla, seu amigo de River e quem sugerira sua contratação), ele brilhou ainda mais: em 1970, novo título uruguaio e artilharia. Faltava a primeira Libertadores, que o rival Peñarol já levantara três vezes. O desafogo veio no dourado 1971, com direito a eliminar o Peñarol na primeira fase (ele empatou aos 40 do segundo tempo e sofreu o pênalti da virada aos 45) e a aplicar um 3-0 (dois dele) no Palmeiras em São Paulo. Impediu o tetra seguido do Estudiantes, batido na finalíssima por 2-0 com outro de Artime.

O Ajax se negou a jogar a Intercontinental. Sobrou o vice europeu, o Panathinaikos do técnico Puskás, segundo quem o argentino era lento. Pois Artime fez os 3 gols uruguaios. Sua fórmula de “a cada 5 vezes que toco na bola nos 90 minutos, pelo menos 2 meto dentro” foi tratada como teorema pelo texto pós-título da El Gráfico, intitulado “Não… Pitágoras não conheceu Luis Artime”. Por um ponto de vantagem sobre o Peñarol, depois veio a tríplice coroa com o tri uruguaio seguido e, para Artime, o tri seguido na artilharia. Mas o Nacional não ia bem nas finanças. Ainda em 1971, os jogadores fizeram greve. Uma nota da Placar sugerindo sua contratação dizia que ele, já com 33 anos, só tinha 27. Fazia sentido (clique aqui e veja).

Uma excursão pela Europa foi feita para arrecadar fundos. Só houve uma derrota em 14 jogos, mas o estresse só aumentou com a ameaça de uma epidemia de varíola pela Iugoslávia. Artime pediu seu passe em maio de 1972, após um clássico contra o Peñarol pela Libertadores. O Nacional tinha que vencê-lo por 5-0 para se classificar. Cubilla marcou um e o argentino tornou a façanha quase realizável: fez três. Ficou “só” no 4-0. Venceu 25 vezes o clássico, só sendo superado por Pablo Bengoechea, que conseguiu uma vitória a mais pelo rival em dez anos de carreira nele – o dobro do tempo gasto por Artime. Ele rumou ao Fluminense, contratado junto com Gerson. As Laranjeiras foram o único lugar onde não foi bem. Teria sido boicotado por Lula, que negou ter feito algo contra o argentino, mas admitiu que o jeito introvertido não o tornou popular lá.

O filho “Luifa” Artime não vingou no Independiente, mas virou o maior artilheiro do Belgrano: herdou algo

Artime logo voltou ao Nacional (ainda assim, um leitor do nosso site, médico carioca residente em Buenos Aires, nos relatou que tratou dele em 2013 e ao revelar-se torcedor tricolor, ouviu-lhe verbalizar com dificuldade, mas emocionado, o nome do recém-falecido Félix). Mas anunciou a aposentadoria nos vestiários após um 1-1 em fevereiro de 1974 com o Olimpia na Libertadores. Ele, é claro, marcou na noite em que “o gol ficou sem um amigo”, nas palavras de River El Campeón del Siglo, livro sobre os primeiros 100 anos do River. No desespero, o Nacional ofereceu que seu artilheiro voltasse a Buenos Aires e só viesse a Montevidéu nos dias de jogos, mas o argentino já estava farto e “não me parecia correto aceitar, pois não gostaria que um colega fizesse isso”. Ele também recusou oferta do próprio Pelé para ser seu colega no Cosmos, conforme contou em 2014: “mas já havia me comprometido em não jogar mais. A palavra para mim é muito importante”.

Artime ainda seguiu batendo bola com equipes de veteranos que enchiam estádios interior argentino adentro, em tempos de pouca penetração da televisão. Para a Copa de 1978, chegou a ser convidado por César Menotti para integrar a comissão técnica – eram amigos desde que foram vizinhos em São Paulo, quando Artime era palmeirense e Menotti defendia o Juventus da Mooca. Com medo de pôr a amizade à risca caso surgisse desentendimentos na condução, recusou. E em 1979 chegou até a voltar a jogar partidas oficiais, pela liga rosarina, no clube Renato Cesarini, que criara com amigos para fomentar jovens (um deles seria Javier Mascherano). O clube foi campeão regional, rompendo a escrita de Newell’s, Central e até dos secundários Central Córdoba e Argentino. Ainda em 1979, iniciou uma experiência de técnico no Atlanta, que sofria para não cair. Não evitou a queda, mas no ano seguinte quase o repôs na elite. Foi vice da segundona, mas só o campeão subia.

O goleador passou a se dedicar às escolinhas infantis, que preferiu deixar conforme aumentavam as exigências dos pais da clientela, passando a trabalhar com lojas de materiais esportivos. Em 2007, sofreu um AVC do qual pôde recuperar totalmente as sequelas locomotoras iniciais, tratamento que priorizara em detrimento da fala, que restou prejudicada embora ele permaneça um octogenário mentalmente lúcido. Seu filho Luis Fabián “Luifa” Artime não fez o mesmo sucesso; inclusive perdeu pênalti para o Independiente na final da Supercopa de 1989, mas herdou algo: é o maior artilheiro da história do Belgrano e escolhemos para o time dos sonhos da equipe cordobesa. Sobre o pai, a definição definitiva é do treinador tricolor Etchamendy: “o destino me deu o melhor presente a que pude aspirar em minha campanha: ser técnico de um time em que jogue Luis Artime. É muito mais que um jogador ou um fabuloso goleador: é um símbolo do Rio da Prata. Se Artime fosse brasileiro, nesse país já o teriam endeusado à altura de Pelé”.

Na Copa do Mundo de 1966, Artime fez quatro dos cinco gols argentinos. Na imagem, contra a Alemanha Ocidental, disputa contra Wolfgang Weber, observados por Franz Beckenbauer

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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