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60 anos da primeira partida de futebol na TV argentina

No dia 18 de novembro de 1951, os argentinos tiveram a primeira oportunidade de ver uma partida de futebol pela TV. O jogo era River Plate x San Lorenzo, na antiga cancha do Ciclón, o Viejo Gasometro. Quem conta a história é nosso amigo Esteban Bekermann, sub-editor do site 4-4-2.

Há exatamente 60 anos, a 18 de novembro de 1951, River e San Lorenzo protagonizavam a primeira partida televisada da história do futebol argentino. E como ocorre hoje na maioria dos jogos da primeira divisão, aquele 1 a 1 foi transmitido pelo canal 7, que apenas um mês antes havia estreado no ar.

Claro que naquele momento era fácil explicar que esse canal fosse o primeiro a transmitir um jogo. Não havia outro além daquele dirigido por Jaime Yankelevich, por isso mesmo considerado o pai da TV argentina. De fato, o canal havia sido colocado em funcionamento pouco antes, a 4 de novembro, transmitindo apenas à tarde. E foi nesse horário que a partida foi transmitida, a partir do extinto estúdio da Avenida La Plata, utilizando 3 câmeras, uma das quais operada por Nicolás del Boca, futuro diretor de cinema.

A transmissão esteve a cargo de Ernesto Veltri, locutor de rádio que havia sido cantor de tangos nos anos 40 sob o pseudônimo de Nestor del Campo. E o comentarista foi Enzo Ardigó, acostumado a desempenhar a função na rádio Rivadávia, ao lado de narradores como Alfredo Curcu e José Maria Muñoz.

Apesar de apenas o River chegar àquela antepenúltima rodada do campeonato daquele ano com chances concretas de chegar ao título, que terminaria nas mãos do Racing, depois de memoráveis finais contra o Banfield, quase 60 mil torcedores lotaram naquela ocasião as arquibancadas do Viejo Gasometro, mostrando que ainda faltava muito para que a TV pudesse tirar público dos estádios.

Inclusive muitos desses expectadores estranharam ver um grande caminhão com a inscrição “canal 7” do lado de fora do estádio, com o tamanho de um ônibus e cheio de aparelhos que Yankelevich havia trazido dos EUA. A temperatura chegava a 35 graus, e parecia muito mais, por alguns tumultos que exigiram intervenção policial durante as partidas preliminares que então se jogavam. Mas não eram tempos de barrabravas ou de repressão exagerada, e quando o jogo começou tudo estava tranquilo.

Logo a polícia interveria novamente, mas dessa vez dentro do campo de jogo. Aos 10 minutos o San Lorenzo saiu na frente com um gol bastante polêmico marcado por José Cristobal Maravilla, um sanjuanino que naquele ano havia estreado na equipe principal dos azulgranas.

Aconteceu que depois de se deslocar para a esquerda a partir de sua posição de meia direita, para tirar do arco o grande goleiro Amadeo Carrizo, o número 8 do Ciclón executou um centro, salvo de bicicleta pelo zagueiro Ferrari, do River, assim que a bola sobrevoou a linha do gol. A jogada seguiu, mas os jogadores do time da casa pressionaram o árbitro inglês Cross, que consultou o bandeirinha e assinalou o gol do San Lorenzo. A equipe da casa desceu em vantagem para o intervalo, apesar das queixas do River, que apenas resultaram na entrada em campo dos policiais e na interrupção do jogo por 6 minutos.

Certamente naqueles anos não havia nada como o “tira-teima” ou algo que pudesse esclarecer o que havia acontecido. Menos ainda o que aconteceu no segundo tempo, quando após um show de acrobacias dos cães treinados da polícia, aos 30 minutos Vernazza empatou com um pênalti igualmente questionável.

As poucas famílias que podiam se dar ao luxo de ter uma TV em suas casas puderam ver o nascimento de um espetáculo que, com o tempo, geraria uma infinidade de polêmicas àquelas da primeira transmissão, sem que até o dia de hoje essse recurso seja aproveitado para que os árbitros revertam decisões questionáveis. Isso ocorrerá algum dia?

publicado originalmente no site 4-4-2

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

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  • Pois é. A FIFA poderia seguir o exemplo de quase todos os outros esportes, inclusive de seu irmão Rugby que nos jogso onde existe a tecnologia disponível se utiliza o VT com o 4º árbitro e os árbitros se comunicam com o áudio aberto para o estádio e a TV.

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