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Resenha da tarde Millonaria: Alegria e confusão no Monumental

Desde Buenos Aires – Completamente lotado, o Monumental de Nuñez era um imenso mar de confiança reproduzido nas vozes de milhares de fanáticos que esgotaram todos os ingressos para essa partida. Cantando do primeiro ao último minuto, a torcida do River Plate chegou ao êxtase quando o árbitro da partida, Carlos Maglio, apontou o centro de campo e sacramentou os três pontos mais valiosos dos últimos anos. Com a vitória por 1 a 0, gol de Trezeguet, frente ao Instituto, o time de Almeyda se livrou da pressão por vencer o principal rival na luta pelo ascenso e agora está só um pontinho atrás dos cordobeses.

Ambiente antes do jogo

Torcida do Instituto fazendo "turismo" no Monumental

Se impressionava a quantidade de gente que foi ver os donos da casa neste sábado, a torcida do Instituto não ficava atrás. Segundo a polícia bonarense, 61 ônibus dos visitantes chegaram até Buenos Aires para acompanhar a partida. Fora os inúmeros torcedores que vieram por outros meios, presenciar o que seria o jogo mais importante da B Nacional.

Y ya lo vé, y ya lo vé, es el puntero cordobés“, cantavam os fanáticos da “Gloria” enquanto desciam dos ônibus, animação total. Sentiam-se literalmente como turistas, que vieram passear pela capital e de quebra, levar três pontinhos na bagagem. Entre provocações ao rival da tarde e fotos com o Monumental de fundo, ingressavam ao estádio sem nenhum problema e na mais completa tranquilidade.

Já do lado millonario, o que parecia óbvio antes da partida apenas se confirmou. Com todas entradas esgotadas desde o meio da semana, a quantidade de torcedores que tentavam entrar sem ingresso e na base da força, obrigou à polícia a reprimir e utilizar a força. Houve um início de confusão principalmente na ponte que passa por cima da avenida Lugones e termina no estádio. Enquanto nossa equipe tirava algumas fotos, um policial nos avisou “Prepare-se que isso vai pegar fogo, já veio a ordem para retirar todos que não possuem ingressos e vai começar aqui”, informou o oficial. Dito e feito. Em menos de cinco minutos começou a correria de torcedores e tropas.

Polícia chega para controlar tumulto

Dentro da cancha, o espetáculo foi aquele que já conhecemos típico das torcidas argentinas, mas que nunca nos cansamos de admirar e aplaudir. Milhares de papéis picados flutuavam pelo ar enquanto o River surgia no gramado vestindo um uniforme todo preto. O tema que cantavam os fanáticos não poderia ser outro mais apropriado para ocasião: “Esa tarde cueste lo que cueste, esa tarde tenemos que ganar”.

A partida

O Instituto não foi nem de longe, aquela equipe que estávamos acostumados a ver nesse campeonato. Tímido e recuado, preferia não se arriscar muito e oferecia ao River todo o gramado até a entrada de sua área, onde os próprios jogadores millonarios tratavam de complicar a missão de anotar um golzinho.

Num primeiro tempo movimentado, os comandados de Almeyda foram amplamente superiores. As boas oportunidades vieram com Cavenaghi, duas vezes, e com Trezeguet. Os visitantes apostavam na velocidade e habilidade de sua joia, Dybala, mas o atacante não esteve numa tarde inspirada. Foram para o intervalo com o zero a zero no placar. A tensão tomava conta da maioria nas arquibancadas enquanto o lado cordobês, aí sim, era pura festa.

Trezeguet comemora com Carlos Sánchez

O segundo tempo foi mais do mesmo. O River atacando, pressionando e criando situações de gol. Bola no travessão, chutes de longe que passaram raspando a trave, mas nada da bola entrar. Foi então que apareceu aquele que sempre assume a responsabilidade quando a coisa está difícil. David Trezeguet pegou uma sobra dentro da área e de voleio, meio falhado como o prórpio jogador admitiu, colocou no canto oposto do goleiro. A bola ainda bateu na trave só para aumentar o suspense, mas no final o Monumental explodiu em um grito uníssono: GOOOOOOOLLLL! River na frente, 1 a 0.

A missão parecia ficar mais fácil quando Damiani foi expulso. Ilusão. Com um a menos e muito mais na base da vontade, o Instituto se lançou a frente e em duas oportunidades quase empatou o jogo. O lance mais divertido da partida foi proporcionado por Chorí Dominguez. O jogador literalmente deu um passe para Matias Almeyda, em pé na beira do gramado. O treinador que vestia preto, assim como os onze em campo, ainda dominou a bola antes de passá-la a um gândula.

Quando Maglio apitou o final do jogo, o clima era sensacional. Uma torcida que comemorava um triunfo como se fosse de uma daquelas históricas equipes que atuaram naquele mesmo gramado. Explodiram em alegria e cantavam. Ironicamente despediam-se dos cordobeses que pareciam não ter aproveitado muito o último tour da visita pela capital federal.

Coletiva

Almeyda: "estudei muito para essa partida"

Almeyda foi o primeiro a falar. Destacou a pressão que o time precisou administrar em função do Rosario Central ter vencido sua partida mais cedo neste sábado. “O fato do Central ter vencido é um ponto de vista para os torcedores, não para nós. Estamos jogando finais desde que começou o campeonato. O final foi uma festa, ver a cancha do River assim e que os torcedores deixem o estádio felizes”, destacou.

E ainda fez lembrar a Mostaza Merlo, quando então treinador do Racing em 2001. A Academia lutava para sair de uma fila que já durava 35 anos e o lema adotado por Merlo foi o “paso a paso”. Almeyda seguiu a linha: “Nós sabemos nosso objetivo. Passo a passo, tranquilos, suportando a pressão, acho que a paciência e a união estão dando frutos”.

Depois do treinador foi a vez do salvador, Trezeguet, falar com a imprensa. “Acho que fomos superiores ao Instituto nos 90 minutos. No primeiro tempo deveríamos ir para o vestiário ganhando. No segundo tempo confirmamos. Foi um grande passo, mas ainda não determinante”, disse.

Sobre o gol, confirmou as suspeitas “foi casual, foi casual”.

Com casualidade ou sem ela, o River vai chegando cada vez mais candidato ao regresso a elite do futebol argentino, seu devido lugar.

 Veja as fotos do pré-jogo.

Leonardo Ferro

Jornalista e fotógrafo paulistano vivendo em Buenos Aires desde 2010. Correspondente para o Futebol Portenho e editor do El Aliento na Argentina.

6 thoughts on “Resenha da tarde Millonaria: Alegria e confusão no Monumental

  • Elsio Limoeiro Filho

    Foi um chocolate diet, só um a zero. O River jogou sua melhor partida e acho que Almeyda encontrou a formação ideal. Onde está o time que ía atacar o tempo todo e que ía atropelar o River? Eles conheceram a força e a grandeza do maior campeão argentino.

  • Paulo Fuster

    É por isso que eu canto….

    “Vamos Millonario,
    Ustedes pongan huevos que ganamo,
    Vamo a traer la copa al gallinero,
    Para que lloren todos los bosteros,los bosteros

    Vamos Millonario,
    Ustedes pongan huevos que ganamo,
    Vamo a quemar los rancho en la rivera,
    Vamo a pegarle a boca hasta que muera, hasta que muera”

  • marcos paulo

    mais uma vitoria do millo para calar a boca de muita gente. se continuar assim vai subir sem muito sofrimento, assim espero. força river!!

  • Reges

    Deveriam mudar este regulamento , a forma d pontos corridos ficaria ótima : )

  • David Lopes

    Muito feliz com está grande vitória do “MILLO”…Espero que o mais rapido possivel nós possamos voltar pra onde é de direito nosso…A 1ª divisão, onde somos o maior campeão!!!”
    BAMOS…BAMOS…RIVER PLATE!!!

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