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25 anos do início dos anos dourados do Newell’s

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Basualdo, Martino, Scoponi, Theiler, Pautasso e Sensini; Balbo, Rossi, Llop, Alfaro e Almirón. Os mesmos titulares campeões argentinos há 25 anos atrás

Há 25 anos, o Newell’s Old Boys marcava o início de sua fase mais gloriosa, a culminar com o vice-campeonato na Libertadores de 1992. Em 1988, o time também foi vice do torneio, para o qual se classificara como campeão argentino da temporada 1987-88, garantido em 21 de maio de 1988. O atual técnico do NOB, Gerardo Martino, era o grande líder daquela geração.

Martino é um símbolo do clube: é quem mais atuou por ele, 509 vezes, mais de cem à frente do segundo, e é um dos três maiores campeões pela Lepra. Não à toa, a equipe, ameaçada de rebaixamento, reagiu quando o antigo volante veio treiná-la, ano passado. Entrou na briga pelo título do Torneio Inicial e está no páreo pelo Torneio Final desta temporada 2012-13.

Os outros dois mais campeões pelo Newell’s também estavam naquele elenco, estando exatamente abaixo de Martino no número de presenças: o goleiro Norberto Scoponi, com 408 jogos, e o raçudo volante Juan Manuel Llop (403). Os três estiveram em todo o ciclo e obtiveram a taças de 1987-88, 1990-91 e do Clausura 1992, fora os dois vices na Libertadores. O quarto que mais jogou pelo time também estava lá: o lateral-direito Fabián Basualdo (307).

Eles iniciaram a trajetória no clube do Parque Independencia praticamente juntos, no início dos anos 80. Em meados da década, o time foi emergindo. Foi bivice-campeão nacional seguido nas temporadas 1985-86 e 1986-87 – esta última, traumática: perdeu a taça na última rodada justo para o arquirrival Rosario Central, que vinha da segundona e aumentava a distância para os rubronegros, então só com um título argentino; os auriazuis somavam o quarto (e, ainda hoje, último. Falamos aqui).

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Martino, Scoponi, Llop e Basualdo: pela ordem decrescente, os quatro que mais jogaram pelo Newell’s

Responsabilizando o excesso de exigência dos barra bravas pela queda de rendimento dos vices em certos momentos da campanha, o indisposto técnico Jorge Solari, ex-jogador leproso, deixou o cargo, assumido por outro antigo ídolo local: José Yudica, que tivera grande sucesso treinando clubes menos graúdos – campeão argentino com Quilmes em 1978 (único título profissional dos cerveceros na elite) e com o Argentinos Juniors em 1984, vencendo por este ainda a Libertadores de 1985. Também ganhara a segundona com o San Lorenzo, em 1982.

Na época, quem era já consagrado no clube era Víctor Ramos, o maior artilheiro profissional do time: 104 gols, com 30 deles dando-lhe a artilharia do Metropolitano de 1983. Ele estava na França na época do bivice e retornou ao Parque em 1987. Já veterano, contudo, marcou apenas duas vezes; o ataque titular era formado por Sergio Almirón, campeão mundial com a Argentina em 1986, e na outra vaga revezavam-se Ramos, Ariel Cozzoni, e, mais comumente, Gustavo Dezotti ou o jovem Abel Balbo.

A dupla ofensiva era municiada pelo meia Roque Alfaro, que, não obstante, foi o goleador dos campeões, anotando 14 vezes. Voltava ao clube após vitoriosa passagem pelo River Plate, campeão do país, da América e do mundo em 1986. E o River seria o destino de Balbo após a conquista, futuramente rumando com sucesso para a Itália (foi quem superou Van Basten como maior artilheiro estrangeiro na Velha Bota) e participando das Copas de 1990, 1994 e 1998. Balbo foi o terceiro na artilharia leprosa, com 10 gritos. Dezotti, mais lembrado pela expulsão na final da Copa de 1990, marcou 12.

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Balbo, Dezotti (que eram concorrentes) e Sensini iriam à Copa de 1990. Balbo e Sensini, também às de 1994 (com Scoponi) e 1998

Na defesa, o atual assistente técnico de Martino, o ex-zagueiro Jorge Pautasso, outro entre os dez que mais jogaram pelo Newell’s; Jorge Theiler, que retirou-se como o maior zagueiro-artilheiro do clube (fez 17, sendo superado depois pelos 20 de Rolando Schiavi); e o dublê de zagueiro, líbero e lateral Roberto Sensini, o mais novo do elenco (estreara em 1986), mas já um dos líderes do vestiário e, como Balbo, presente nas Copas de 1990, 1994 e 1998. Completava o time o volante Juan José Rossi.

El Piojo Yudica não conseguira títulos em suas duas passagens anteriores treinando o NOB e quebrou o jejum em alto estilo: é o único técnico campeão argentino por três clubes diferentes. Além disso, a taça de 1988 veio com um elenco inteiramente surgido das categorias de base leprosas. Ninguém melhor que ele para resumir a campanha, com explicações nossas em colchetes:

“Havia jogadores técnicos no meio de campo, um grande goleiro como El Gringo Scoponi, a defesa era firme e na frente éramos implacáveis. Metíamos muitos gols [68] e recebíamos muito poucos [22, em 38 rodadas]. (…) O primeiro turno foi mais difícil, nos custou um pouco mais [empate em casa com Deportivo Español e Banfield, derrota por 0-1 no clásico rosarino]. Mas, a partir do segundo, (…) ganhamos com folga. Inclusive, festejamos muitas goleadas [3-1 no Racing, 4-0 no Boca, 4-0 no Racing de Córdoba e 6-1 no jogo do título]”.

Outros resultados de destaque foram um inapelável 5-1 no Boca (três de Alfaro, um de Almirón e um de Dezotti) em plena Bombonera, no primeiro turno, onde também venceu-se fora de casa o Vélez (outro 5-1, com Theiler, Almirón, Dezotti e dois de Alfaro) e igualmente o River de César Menotti (2-1, gols de Rossi e Sensini no Monumental). No returno, o Central levou o troco no clássico, 1-0 com Dezotti.

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Yudica como jogador do Newell’s e celebrado como técnico campeão de 1988

Com  21 vitórias e só 4 derrotas, o NOB poderia sair campeão na antepenúltima rodada, se vencesse em casa o Independiente (cujo técnico era Solari) e o concorrente mais próximo, o San Lorenzo (time do coração do maior craque do Independiente, Ricardo Bochini), perdesse para o River. A torcida leprosa já arrancou um “¡Dale Campeón!” aos 7 minutos, quando as rádios anunciaram River 1-0 San Lorenzo. No Coloso del Parque, o goleiro da seleção, Islas, fez pênalti aos 24 minutos em Balbo e foi expulso.

Rossi converteu a penalidade máxima e ampliou os festejos da torcida sangre y luto, que seriam nove: três pelos 3-0 do River no concorrente e o restante no impiedoso 6-1 no Independiente – outro de Rossi, dois de Alfaro, um de Almirón e, por fim, Balbo, deixaram os Rojos no ridículo. “Este triunfo dedico aos que acreditaram em nós. A toda essa gente que nos acusou de vendidos, nem me lembro, mas eles sim vão se recordar toda a vida de nós”, desabafou o goleiro Scoponi.

Aquela mesma equipe superaria o San Lorenzo ainda na semifinal Libertadores de 1988, no segundo semestre. Com grandes campanhas em 1988, veio a debandada: Almirón, Balbo, Basualdo, Cozzoni, Dezotti, Ramos, Rossi e Sensini saíram naquele mesmo ano ou no seguinte e o clube ficou apenas em 14º no campeonato de 1988-89. Com novos nomes da base e um técnico dela – Marcelo Bielsa – vieram novos tempos áureos: falamos aqui e aqui.

FICHA DA PARTIDA – Newell’s: Scoponi, Basualdo, Theiler, Pautasso e Sensini; Martino, Llop, Rossi e Alfaro; Balbo e Almirón. T: Yudica. Independiente: Luis Islas, Néstor Clausen, Daniel Wiktor, Guillermo Ríos e Carlos Enrique; Ricardo Giusti, Osvaldo Ingrao e Ricardo Bochini; Pascual Alastuey (goleiro Gustavo Irusta), Mario Lobo e Alejandro Barberón. T: Jorge Solari. Árbitro: Francisco Lamolina. Gols: Rossi (25 e 37/1º), Alfaro (42/1º e 3/2º), Almirón (17/2º), Bochini (26/2º) e Balbo (39/2º)

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Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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