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30 anos de um assombro: Argentinos Juniors, campeão da Libertadores de 1985

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Lá se vão 30 anos, amigos. No dia 24 de outubro de 1985, o Argentinos Juniors conseguia o maior título de futebol do hemisfério meridional: a Copa Libertadores de América. E para tanto, havia derrotado árbitros mal-intencionados, o olho-gordo dos gigantes locais, a auto sabotagem típica dos pequenos e sobretudo o América de Cali, talvez o maior clube de futebol já produzido em terras colombianas.

24 de outubro de 1985 não foi um ano qualquer no futebol da América do Sul. Na data, o Bicho da Paternal assombrou o mundo ao conquistar a Libertadores. O feito foi tão gigantesco que jamais encontrou paradeiro na América do Sul. Esqueçam o título do Once Caldas, o primeiro do Vélez ou coisas do gênero; esses times possuíam uma dimensão que muito longe de aproximá-los dos grandes de seus países, não os deixavam totalmente órfãos de algum tipo de grandeza. O Once já era a maior entidade futebolística da província de Caldas. O Vélez, um clube com certa estrutura. Poderíamos afirmar que o único paradeiro para o que aconteceu há 30 anos ocorreria no Pacaembu, em 2002, caso o São Caetano desse um pé na bunda do Olímpia.

Ocorre que o Argentinos tem a particularidade de ser ridiculamente pequeno. O troço é complicado de explicar, requer ajuda de psicanalistas, historiadores, sociólogos e outros mais. Ali perto, há clubes nas divisões do acesso com torcidas maiores. Platense, por exemplo; além de Atlanta, Chacarita, Chicago e All Boys. Não é para ofender, mas até o Merlo neste sentido é maior. O Temperley… nem se fala. E dizer o quê do Gallito Morón, um pouco mais a Oeste, e que quase sempre viveu entre a terceira e quarta divisão?

O que é o Argentinos, afinal? Quase nada. Seus torcedores estão condenados a jamais preencherem a carroceria de alguns caminhões. Quem explica isso? Vai saber! As cores são as mais interessantes; as origens também. E o que dizer da identificação com o futebol belo e vistoso, consagrado no clube em sua longa história de vida? Para matar a questão: como um clube pequeno consegue criar mitos para o futebol do país e ainda assim não crescer? Como fertilizar e dar à luz Maradona e seguir quase como um nanico anêmico no meio de gigantes? Quem sabe!

As origens do monstro vermelho da Paternal

Labruna acompanhando um treino na canteira do Bicho
Labruna acompanhando um treino na canteira do Bicho

Não que fosse somente por isso. Contudo foi em grande parte pela chegada de Labruna que tudo começou. Nome de peso de La Maquina del River, dos anos 40, Angelito Labruna chegou no Argentinos em 1983 para dirigir a equipe. E por que “el Feo” foi parar na Paternal? Simples, dinheiro não faltava, já que os cofres ostentavam liquidez proveniente da venda de Dieguito Maradona. A ideia era formar um esquadrão, um time imbatível. E para tanto a proposta era subir várias joias do semillero ao mesmo tempo em que gente de peso seria contratada. Proposta de contratar bons jogadores começou sob o comando de Labruna e seguiu até o ano de 1986. E o que o Bicho ganhou?

Labruna apostou na sofisticação da proposta de fazer do jogo bonito uma arma letal para todos os rivais. A equipe era uma mistura nobre de raça, classe, elegância e doação. O toque de bola era de primeira, embora a articulação e as ultrapassagens deixassem qualquer um boquiaberto pela velocidade com o que eram praticadas. E os rivais, o que faziam? Nada. Não davam à mínima. Supunham que se tratava somente de mais um timeco pequeno querendo aparecer. E a comissão técnica do Bicho reagia como? Apenas treinava, refinava o “modus” e estudava principalmente aos rivais locais. E quando começaram a aparecer os resultados? Quando o “Bichano” começou a aplicar goleadas impiedosas sobre todos eles. Somente isto? Não. Foi também quando apareceu o primeiro título, o Metropolitano de 1984 e o Nacional de 1985. Foi então que certo despeito pareceu correr solto em toda Buenos Aires. “Como esse nanico ousa ganhar títulos?”

Título Nacional de 1985
Título Metropolitano de 1984

Labruna morreria no fim do ano de 83, dando lugar a Saporiti. O novo técnico não somente manteve o trabalho de “el Feo”, como também o melhorou, trabalhando alguns pontos falhos, dando preenchimento à equipe nas quatro linhas e submetendo as boas individualidades à uma ideia superior de time de futebol. Para se ter uma ideia, “Checho” Batista era o único volante fixo; espécie de limpador de chaminé com rara categoria. Contudo, ele jamais ficava abandonado. Videla e Comisso sempre voltavam para formar uma espécie de triângulo defensivo quase intransponível. E como se tratava de uma equipe e não de um ou outro jogador, o surgimento do maldito estrelismo não aconteceu. Em 85, Saporiti se foi e Yudica chegou. Se o primeiro foi o comandante do Metropolitano, o segundo foi a mente por trás do título nacional de 85. Vale dizer que o novo técnico trouxe consigo o prestígio de ter levado o minúsculo Quilmes a um título, sete anos antes, além de ter conseguido o acesso com o San Lorenzo, em 82. E o que o novo técnico fez? Deu a 9 pra Borghi. Todo o resto importa menos.

Massacre sobre o Vélez, na partida final do Nacional de 1985
Massacre sobre o Vélez, na partida final do Nacional de 1985

Libertadores de América de 1985

O Argentinos foi para o Grupo I do torneio, ao lado do então temido Ferro Carril Oeste, Fluminense e Vasco, respectivamente campeão e vice do Brasileirão de 84. Um grupo da morte, no qual o único time sem tradição era o Bicho. E todo mundo sabia disso. E apostava que na hora H este aspecto atuaria em prejuízo do esquadrão de Yudica. Todavia poucos sabiam que o grande mérito do novo comandante era justo o de implodir a autossabotagem típica de clubes pequenos e sem tradição vencedora. E a primeira e principal lição foi a mais aprendida de todas: “uma equipe grande joga da mesma forma dentro e fora de casa”.

Primeira Fase

Na estreia, o Argentinos fez feio ao perder do Verdolaga pela contagem mínima. Tudo fazia supor que as apostas no refugo do Bicho eram as mais corretas. A estreia fora em 25/07. Na data de 02/08, a equipe de Yudica desembarcou no Rio para desfilar seu futebol no palco sagrado do Maraca. Natural que todos presumissem um massacre vascaíno para cima do “bichito”. Assustador, contudo, foi o placar: 2×1 para o conjunto argentino. O espanto foi geral, embora todos creditassem a extraordinária performance a circunstâncias obscuras do futebol. Três dias depois, no próprio Maracanã, num partidaço memorável de Borghi, Miguellito Lemme foi o nome do gol, aos 32’ do 2ºT. Havia sido um massacre sobre o Vasco; foi uma partida digna, calculada e inteligente contra o Flu.

Após o final do primeiro duelo, Antonio Lopes, então técnico vascaíno afirmou: “a vitória foi justa do Argentinos Juniors, que possui um excelente time, de boa técnica e movimentação; acho que a vitória deles realmente foi justa”. Já após o jogo contra o Flu, além das lágrimas finais da classificação iminente, o que também contava era o fato de que apesar de ter terminado com 10 em campo, todos estavam vivos; com boa saúde e com todos os órgãos no corpo. Foi um duelo de sangue e por certo que não poderia ser diferente. O campeão brasileiro tinha Branco, Deley, Jandir e Tato. Tinha também Romerito e, acima de tudo, a dupla, “casal 20” Assis e Washington. Não era qualquer time: era uma máquina.

Na volta, o Bicho encarou o Vasco na cancha do Ferro, em Caballito, em duelo que terminou 2×2. Foi um espetáculo de gols perdidos; teve o espetáculo que foi o gol “linha de passe” de Borghi, braveza, oportunismo e contragolpes perfeitos dos cruzmaltinos. Além disso, teve um santo, chamado Acássio, catimba vascaína e a lama em campo na cancha do Ferro, que lembrava um pasto, algo que atuou em desfavor da habilidosa equipe de Yudica. Não bastasse tudo isso e teve ainda o gol salvador de Domenech quase nos acréscimos da partida.

Uma semana depois, a esquadra da Paternal massacrou o Ferro Carril, se vingando da derrota na estreia. Embora o placar tenha sido de 3×1 ele foi incompatível com o baile do Bicho sobre seu rival argentino. O mesmo placar da vitória contra o Flu, na primeira partida, se repetiu na segunda, no dia 23/08, com um gol de “Pancita” Videla.

Contudo, naquela época, só se classificava o líder do grupo. Era então necessário um jogo-desempate contra o Ferro Carril. Foi novamente um massacre; de novo por 3×1 e de novo com baile. Mas foi também um massacre em campo, confusão e porrada. O Bicho saíra vivo de um grupo dificílimo e estava na segunda fase do torneio, o mesmo que semifinal, naquela época. Dois rivais diretos e vários indiretos. Os primeiros eram o Blooming (BOL) e o Independiente de Avellaneda. Dentre os rivais indiretos estavam a ignorância total do que era a tal da equipe de Santa Cruz de La Sierra e a camisa, as conquistas e a tradição do Rojo.

Fase Semifinal

A primeira partida foi justo contra o Independiente. O duelo ocorreu na cancha do Ferro e terminou empatado em 2×2. Três dias depois, o Bicho buscou um empate de visitante contra o conjunto boliviano (1×1). Duas semanas depois, despachou a zebraça boliviana por 1×0 e foi para o grande jogo contra o Rojo.

O empate era do Independiente. A partida era cercada de muitas expectativas, apreensão e uma certeza: fosse o que fosse o Argentinos Juniors, ele não seria páreo para o Independiente. O jogo seria em Avellaneda; era contra o campeão da América; e era contra uma tradição inquestionável do Rojo no torneio. Nunca os jogadores do Bicho sofreram tanto. No começo, eles achavam que poderiam fazer um bom papel no torneio. Após reverter a derrota da estreia, e as duas vitórias no Rio, acreditaram que poderiam caminhar longe na competição. Mas então se depararam com um pesadelo justo no momento em que sentiam já o gostinho de uma possível conquista do caneco. E tudo isso sem contar com o fator-torcida, algo que não dava para comparar; situação que estaria refletida na cancha; situação que por si só já seria massacrante para a briosa equipe da Paternal.

Mas para a surpresa de todos, Videla foi o nome do gol que abriu o placar e deixou todos boquiabertos na parte vermelha da região de Avellaneda. Pior que isso foi o belo gol de Castro, que petrificou a todos de vez. Todavia, tratava-se de um rival gigantesco e isto se refletiria no gol de desconto, que incendiou o jogo, colocou os nervos de todos à flor da pele e deu um banho de lágrimas nos torcedores de ambas as agremiações. E se não bastasse isto, ainda teve o pesadelo maior. Restava só um minuto para o fim. Um pênalti cabreiro foi anotado para o Rojo. Não que o Argentinos não tivesse time para seguir na luta pelo triunfo. Contudo, não tinha tempo. Nem tinha pernas. O custo daquela aventura era ter um time em frangalhos nos minutos finais. Não havia preparo físico, não havia controle das emoções; não havia um time em campo, só fantasmas. Uma exceção, contudo, era o brilho que restava. E ele se chamava Enrique “el Quique” Vidallé, o monstro sagrado do arco do Bicho.

“Maranga” Marangoni partiu para a bola na certeza de que faria, pois assim estava escrito na história do Rojo na Libertadores de América. Era um mundo contra o Argentinos chutando a pelota com os pés de Marangoni. E no arco tinha só o diminuto Vidallé. Mas a alma estava nele, a garra também; a luta e o fervor. E tal conjunto de coisas se converteu naquilo que ninguém esperava naquele momento: a paciência para esperar pela definição de Maranga, antes de cair para um canto feito um doido. Praticamente encaixou a pelota, que veio meio baixa no centro do arco. Como prêmio, ele recebeu várias coisas. Primeiro uma entrada criminosa de Marangoni, quando ainda estava deitado com a redonda. Nos tempos antigos da Libertadores, entradas como essa tinha um claro objetivo: permitir que o arqueiro, lesionado, soltasse a bola para que o próprio batedor ou outro atacante chegasse antes da zaga para guarda-la no arco. Se o árbitro marcaria ou não a infração era coisa para se discutir depois, embaixo de pressão, ameaças e até porradas de fato. Afinal, não foi sem inquestionável brilho que o Rojo se consagrou o maior vencedor de Copas, mas também não foi com inocência de debutantes no torneio. No bairro da Paternal, todos vibraram com a defesa de “Quique”, porém, o que mais alegrou a todos foi o fato que mesmo gritando de dor, o guardametas do Bicho prendeu a pelota no corpo e não a soltou de forma alguma. O Argentinos Juniors era finalista do maior torneio de futebol da América do Sul. Um assombro.

Final – América de Cali

Após a vitória contra o Rojo, o elenco do Bicho acreditou que poderia mesmo ser campeão. Mas o confronto contra o rival argentino foi tão difícil que os jogadores foram unânimes em reconhecer que esta crença só pareceu clara, após o triunfo de “Quique” Vidallé. Todos pensavam assim, logo, Emilio Comisso também: “sabíamos que poderíamos vencer qualquer um até o encontro com o Independiente. Ali, percebemos que outras forças rivalizavam conosco e elas eram poderosas. Tudo isto se quebrou após a defesa de Quique”.

O primeiro confronto ocorreu na Argentina, no Monumental de Núñez. Na decisão, o Argentinos Juniors teve pela frente o perigoso América de Cali-COL. O conjunto cafeteiro era um bicho-papão de tudo que se disputava em terras colombianas. Se a grana entrava fácil no futebol cafeteiro, grande parte era via lavagem de dinheiro do tráfico, quase toda ela era diretamente canalizada para o conjunto que tinha em Pablo Escobar um de seus animadores. Dinheiro circulava de tal forma no clube que muita gente procurava a sua sede, no lugar de ir a algum banco, quando precisava de um empréstimo. E um esquadrão maravilhoso desfilava em campo com uma autoridade maioral, algo quase sagrado. Em termos de nomes, havia Julio César Falcioni, “Pitillo” Valencia, Antony de Ávilla, Roberto “el Mago” Cabañas, Ricardo Gareca além do técnico Gabriel Ochoa Uribe. Antes de chegar à final “Los Diablos Rojos” haviam triturado equipes como Cerro Porteño, El Nacional e o campeoníssimo Peñarol de Montevidéu. Uma esquadra sensacional.

No primeiro jogo, no Monumental, em Buenos Aires, o Argentinos venceu por 1×0, com um gol de Commisso. Na volta, em Cali, os donos da casa fizeram o mesmo placar e deixaram tudo igual. O primeiro confronto foi marcado pela tentativa das duas equipes de buscarem a vitória. O Argentinos foi melhor, perdeu vários gols, mas guardou ao menos um, o que permitiu viajar a Cali para empatar e levar o caneco para o povo da Paternal.

Contudo em terras colombianas o Bicho jamais venceria. Levou um gol aos três minutos, anotado por Willington “Don Willy” Ortiz, lutou durante 87 minutos pela igualdade, mas foi tudo em vão. No tento de Los Diablos ficou a suspeita um pouco infundada de um impedimento no lance. Mas não foi sem fundamento que o elenco do Bicho protestou contra os três gols anulados pelo árbitro da partida. Pior que isso foi o fato de que a cada gol anulado os visitantes ampliavam sua blitz rumo à área do guardametas cafeteiro. No final da partida, alguns jogadores sequer conseguiam levantar do gramado do Paschoal Gerrero, um deles precisou de maca para chegar no vestiário, local em que alguns acusavam, como Ereros, até leve perda de consciência. Contudo o placar foi igual ao do primeiro jogo, o que forçaria o duelo-desempate, em Assunção, somente dois dias depois da batalha de Cali.

Da Colômbia deram por certo que “ordens superiores” decretaram que o elenco cafeteiro embarcaria no mesmo voou que os argentinos. A intimidação teria de começar ali. E as más-línguas dizem que além dos jogadores colombianos, muitos seres “estranhos”, alguns deles muito bem “equipados” – gente simpática de Cali – tomaram o mesmo avião. No Defensores del Chaco, o Bicho tentou fazer a conversa ser outra. Tentou partir pra cima dos colombianos e se fazer gigante na cancha guaraní. Contudo, o cansaço físico e mental apareceu em campo para atuar contra o Bicho. Além disso, muitos atletas acusavam lesões, embora as escondessem de seus superiores. O time de fato era bom, mas estava quebrado, um caco; puro pó.

A valentia deu certo, pois Comisso foi o nome do gol que colocou os portenhos na frente do marcador, aos 38 minutos da etapa inicial. Mas o esforço da primeira etapa, conjugado com os problemas físicos, cobrou o seu preço, na segunda. A equipe colombiana foi toda ataque sobre um Bicho recuado nas suas linhas, distante de suas características e com quase apenas uma só preocupação: ser todo ele os braços e os pés de Quique Vidallé. Eram todos na frente da área numa imagem que era a materialização nítida de um ataque contra defesa; de um time lúcido contra um time morto em campo; um time bravo, lutador, mas sem pernas para se manter de pé. Apesar disso, a equipe conseguia contra-atacar e até mesmo sair da defesa a partir de uma organização tática paradoxal para o seu estado físico e mental. E de onde vinha aquela estranha capacidade de fazer nos 45 minutos finais esforços que a própria física desconhece?

A explicação está justamente no gol de empate do América, quatro minutos após a abertura do placar. Para os jogadores, todo o esforço pareceu vão quando Ricardo Gareca foi o nome do gol que fez explodir a cidade de Cali de felicidade. E a Paternal de decepção. Pior que isto seria ter de segurar os cafeteiros por todo o segundo tempo. Segundo Yudica, “a definição no Paraguai foi uma das partidas mais difíceis de mina carreira, porque nós não estávamos bem fisicamente e este fato muito me preocupava”. E ele tinha razão, pois este foi o preço cobrado de sua equipe no Defensores del Chaco e, notadamente, no que seria o infartante segundo tempo do jogo.

A esquadra de Yudica mal conseguia levar a pelota para o meio-campo. Muitos estavam arrasados, cabisbaixos e com o sabor da derrota na alma, após o empate dos colombianos. Foi então que entrou em cena o outro mito da Paternal: Mario Hernán “el Pancita” Videla. Ele levantou cada um de seus colegas, carregou a pelota ao meio-campo e convocou novamente todos para uma batalha que ainda não estava perdida. Seus esforços surtiram efeito e seus capitaneados souberam resistir bravamente ao ímpeto cafetero. Com o fim da partida, os atores em campo foram todos para o inferno das cobranças de pênaltis.

Flaco Gareca converteu o primeiro para os colombianos. Olguín empatou. Cabañas recolocou os colombianos na frente. Batista jogou no anglo, quase perdeu, mas empatou. Herrera também fez o seu. José Luíz Pavone foi lá e deixou tudo igual: 3×3. Soto recolocou os cafeteiros na frente, mas Borghi empatou. Ninguém desperdiçava sua cobrança e um milagre tinha de surgir de um porteiro. Vidallé era um monstro: “nas definições por penaltis eu tinha fé. Sabia que ao menos um deles eu agarraria. Decidi que cairia em todas as cobranças para o lado direito e tinha por certo que algum deles erraria. Tive a sorte que um deles não conseguiu me vencer (De Avila). Ele a jogou no meu canto e eu triunfei. Mas nada de alegria excessiva pois um de nossos jogadores teria de fazer sua parte”. Para a sorte de Vidallé, e do Argentinos, esse alguém era nada menos do que “el Panza” Videla. Ele guardou a pelota no canto esquerdo de Falcioni e saiu para o abraço. O Argentinos Juniors era campeão de Copa Libertdores de América de 1985.

Formação campeã de 1985: ARGENTINO JUNIORS (ARG): Vidallé; Villalba (Mayor), Pavoni, Pellegrini (Lemme) e Domenech; Olguin, Batista e Commisso; Videla, Borghi e Corsi. Técnico: José Yudica.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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