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Maidana e Bertolo, os primeiros jogadores a vencer a Libertadores por Boca e River

Maidana Bertolo

Ambos foram produtos das categorias de base do Boca, mas não se inibiram em se consagrar no maior rival. Jonathan Maidana e Nicolás Bertolo estão na história da rivalidade depois de ontem. Boca e River já tiveram diversos campeões em comum, incluindo em torneios internacionais, mas nunca em La Copa. Maidana e Bertolo foram colegas na última auriazul, a de 2007. Não terminaram o torneio titulares: o zagueiro não voltou após derrota de 3-0 para o Cienciano, ainda na primeira fase, já o volante atuou alguns minutos nos dois jogos contra o Vélez (no primeiro, só 3) e no 1-1 com o Libertad.

O caso de Bertolo é curioso: só reforçou o River já na reta final da Libertadores, na pausa que a Copa América fez entre as quartas-de-final e as semifinais. Mas cavou imediatamente seu espaço como titular, ao contrário de outros reforços mais badalados que vieram na mesma época, ninguém menos que os ídolos Javier Saviola, Lucho González e Pablo Aimar.

Foi para Maidana que a conquista foi mais redentora. Ele chegou a Núñez em 2010, logo destacando-se ao marcar o gol da vitória sobre o ex-clube em Superclásico daquele ano. Mas na mesma temporada conviveu com o vexame do rebaixamento, originando diversas zombarias boquenses, que buscavam escancarar a diferença entre os dois clubes (imagem abaixo).

O beque perseverou, ganhando a segunda divisão (tatuou a data em que o acesso foi garantido) e participando ativamente do ressurgimento millonarios: título argentino e Copa Sul-Americana em 2014, Recopa Sul-Americana em 2015, que ainda não bastavam, e agora La Copa. Ainda se deu ao luxo de marcar um golzinho nela, nos 3-0 sobre outro fantasma que o River exorcizou, o Cruzeiro.

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A brincadeira com Maidana precisará ser revista!

Vale ressaltar que outro membro do elenco riverplatense em 2015, o defensor Bruno Urribarri, foi outro a pertencer ao Boca em 2007. Mas este, embora presente na festa do título, não disputou nenhum minuto na Libertadores daquele ano – o que, ao menos na visão argentina das estatísticas, o retira da listagem de campeões.

Listamos neste outro Especial todos os que foram campeões por Boca e River. Até ontem, os únicos vencedores internacionais foram o armador Sergio Berti e o atacante Gabriel Amato, ambos revelados no Boca como Bertolo e Maidana. Foram colegas na Libertadores de 1996.

Pelo River, o volante Berti também venceria em 1997 a Supercopa, torneio extinto que reunia os campeões da Libertadores – e que até ano passado havia sido a última taça internacional do Millo. Ainda como ponta e reserva, ele vencera o mesmo torneio pelos xeneizes em 1989. Amato, por sua vez, havia em 1992 faturado como auriazul um torneio que reunia todos os campeões da própria Supercopa (os anos 90 tiveram cada ideia maluca da Conmebol…), a Copa Master. Apesar da descontinuidade desse certame, realizado apenas em 1992 e em 1995, trata-se de troféu oficial com chancela da Conmebol.

Por fim, além de Amato e Bertolo, outro homem deu voltas olímpicas por Boca e River na Libertadores: o massagista Miguel Di Lorenzo, o folclórico Galíndez – apelido que ganhou por ser sósia do boxeador Víctor Galíndez, campeão mundial dos meio-pesados nos anos 70.

Escondidos na festa de 2007, a partir do jogador ao alto com casaco branco: Bertolo, Urribarri (ambos praticamente encobertos pelo papel picado), o também reserva Mauro Boselli e Maidana

Galíndez integrou a delegação xeneize campeã em 1977 e a millonaria vitoriosa em 1986, ano em que também trabalhou com a seleção na Copa do Mundo. Como se não bastasse, também pertencia ao San Lorenzo bi da Copa Mercosul 2001 com a Copa Sul-Americana 2002, o que o torna o único sujeito campeão internacional na seleção e no trio de ferro da capital federal. Mas no Brasil esse feito único é semidesconhecido: Galíndez é mais lembrado por ter servido a suposta água batizada a Branco na Copa 1990.

Vale lembrar ainda que só outros dois argentinos haviam sido campeões por rivais na Libertadores: Miguel Ángel Mori, volante do Independiente no bi de 1964-65 e do Racing de 1967; e Humberto Maschio, meia-direita deste mesmo Racing e treinador do Independiente em 1973. Maschio, aliás, foi o primeiro dos sete técnicos vencedores também como jogadores, grupo seleto ao qual Marcelo Gallardo se juntou ontem. Falaremos mais em breve.

Atualização às 13:00: clique aqui para saber mais sobre Gallardo, Maschio e demais campeões como jogadores e técnico.

Atualização em 16-11-2022: clique aqui para saber mais do massagista Galíndez, o Forrest Gump do futebol argentino.

O massagista Galíndez é o único vencedor internacional com a seleção (na imagem, com a Copa 1986, mas celebrou ainda as Copas América 1991 e 1993 e a Copa das Confederações 1992) e o trio Boca, River e San Lorenzo. Mereceu nota!

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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