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Independiente sofre contra time semi-amador, mas segue na Copa Argentina

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O bravo Alianza-Moldes assustou o Independiente. Foto: Olé

 

O domingo de Copa Argentina reservou fortes emoções para o torcedor do Independiente de Avellaneda. A equipe que atualmente ocupa a 12ª colocação da Primeira Divisão sofreu, suou e só conseguiu eliminar o modesto Alianza-Moldes, do Torneo Federal B (categoria semi-amadora do futebol argentino) na disputa por pênaltis, vencendo por 4-1 após empatar em 1-1 no tempo normal.

É certo que o Rojo jogava com 9 reservas, não tinha seus principais atletas, mas mesmo assim possuía uma diferença brutal para o adversário: todos eram profissionais. Na equipe da cidade de Coronel Moldes, província de Córdoba, havia um taxista, dois mecânicos, dois funcionários públicos municipais, um garçom e apenas quatro atletas eram realmente profissionais. O goleiro Airaudo que exibia uma barriguinha saliente, era o padeiro da equipe. E salvou por diversas vezes o seu time da derrota. Não que o Independiente tenha levado muito perigo, pois o ataque do time de Avellaneda, formado por Aquino e Valencia foi um verdadeiro show de horrores, com finalizações erradas, jogadas bizarras e até mesmo em algumas ocasiões, erros de domínio da bola.

Aos 6 do primeiro tempo, Reynoso abriu o placar para o Alianza, aproveitando de um cruzamento de Costantini pela esquerda, girou pra cima de Emiliano Papa e tocou com categoria por cima do goleiro Montoya. E impôs seu jogo. Empurrado pela barulhenta torcida no estádio Mario Alberto Kempes, o time se preparava pra fazer história. Enquanto isso os atletas do Independiente pareciam completamente perdidos, não sabendo o que fazer em campo para ao menos igualar o placar.

O segundo tempo veio e os donos da casa não pararam de levar perigo a meta do Rojo. Lances de bola parada, jogadas individuais de Nuñez e do atacante Reynoso sempre assustavam. Mas na segunda metade algo pesou: o preparo físico. O time não atacava mais com tanta intensidade. Muito menos saía no contra ataque, pois já não havia velocidade suficiente para pegar a defesa desprevenida. As pernas pesavam. E só restava rezar para o relógio correr e os atacantes da primeira divisão continuarem errando. E era isso que acontecia, para o desespero do torcedor que tem em sua galeria a honra de ser o maior campeão da América.

Aos 41 do segundo tempo, já no limite da exaustão física, os atletas do Alianza não conseguiram suportar a pressão do Independiente. Benítez passou fácil pelo zagueiro que o tentou segurar, Aquino bateu para o gol que o zagueiro Palandri tirou de cabeça em cima da linha, mas na volta Ortíz mandou para o gol, empatando o jogo. O Alianza ainda teve uma falta na entrada da área antes do fim do jogo, mas não aproveitou.

Nos pênaltis, o treinador do Alianza, Néstor Billalva falava aos seus jogadores: “a bola para eles agora vai pesar 100kg”, na tentativa de mostrar aos seus jogadores, acostumados com os desafios da vida trabalhadora diária que aquele momento era histórico. Que apesar de todas as dificuldades, estavam ali fazendo frente a atletas que tem a vida dedicada exclusivamente àquilo que eles têm apenas como um sonho.  Mas pênalti, acima de ser “loteria” como pregam, é preparação. E a bola começou a pesar 100kg para os jogadores do Alianza. Primeiro quando Rivadero bateu fraco para a defesa de Montoya. Depois quando Zalazar, o capitão do time e melhor jogador em campo isolou a bola por cima do travessão. E quando todos os jogadores do Independiente marcaram sem muitas dificuldades.

No fim, com a desclassificação, veio o reconhecimento. Que aquele time semi amador encarou de igual para igual uma equipe que possui uma das camisas mais pesadas da América Latina e por detalhes não conseguiu se classificar. Enquanto o Independiente segue na Copa Argentina, agora esperando o vencedor de Godoy Cruz e Deportivo Español, o Alianza-Moldes vai seguir sua vida, no modesto Torneo Federal B, com alguns de seus atletas cultivando o sonho de estar um dia se dedicando exclusivamente ao futebol, mas encarando a semana como trabalhadores comuns. Porém com os aplausos e o reconhecimento do que fizeram nesta noite de domingo.

 

INDEPENDIENTE: Montoya; Breitenbruch (Lucero), Victorino, Aguilera e Papa; Graciani, Belocq, Villalba (Ortíz) e Benítez; Aquino e Valencia (Pizzini). DT: Jorge Almirón

ALIANZA-MOLDES: Airaudo; Bravi, Gagnolo e Palandri; Tello, Magnaini, Zalazar, Rivadero e Nuñez (Aveiro); Costantini e Reynoso (Cardetti). DT: Néstor Billalva

Alexandre Silva

Quase ex-jornalista. Apresentador e repórter na Rádio Transamerica BH, mineiro e torcedor da Seleção Argentina desde a Copa de 98. @AlexandreSilva8

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