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Top 10 retornos veteranos de sucesso na Argentina

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Belo registro da emoção de Milito após o título, dessa vez como protagonista

O retorno de Diego Milito ao seu Racing, mesmo longe do auge da forma, foi mágico. Nos primeiros meses, liderou o clube do coração a um título ausente havia 13 anos. Milito era o único remanescente do título blanquiceleste anterior, o Apertura 2001, e até nisso resolveu outra pendência: naquela ocasião, não era titular – saiba mais. E há outras razões para ele ser tão ovacionado: nas estatísticas, ele é no time o primeiro bicampeão argentino em mais de 50 anos; no sentimento, ele se criou na Academia, saiu, se consagrou na Europa e escolheu voltar à equipe que tanto ama. Se em 2011 esteve entre os seis racinguistas na capa da revista El Gráfico mais por ser um ídolo recente na edição que elegeu os cem maiores do clube (havia jogadores que mereciam mais, mas longínquos), a escolha hoje seria certeira.

Não é caso isolado. Vamos aqui lembrar outros ídolos que já veteranos tiveram retornos consagradores no clube onde se projetaram na Argentina. Como um critério, escolhemos cinco anos como mínimo entre a saída e a volta – por isso um nome como Martín Palermo não concorreu. Pela mesma razão o maior ídolo do Colón, Esteban Fuertes, também não: El Bichi nunca passou mais de dois anos longe entre suas numerosas passagens pelo Sabalero, entre 1997 e 2011. Priorizamos aqueles que, como Milito, lograram um título na volta (há uma única exceção), e selecionamos um por clube.

10) Carlos Bianchi: poucos sabem, mas o êxito estrondoso da carreira do Virrey como técnico ofuscou como ele foi um goleador espetacular. É justamente ele o argentino que mais fez gols em campeonatos nacionais: saiba mais. É o nono maior artilheiro da história do Argentinão, com 206 gols, todos pelo seu Vélez, e seria seguramente o primeiro se não passasse sete anos no futebol francês. Antes de partir à Ligue 1, havia deixado em seis anos 121 gols por La V Azulada. Voltou em 1980 e ficou até 1984. Já tinha 31 anos  a média melhorou, com mais 85 gols de todas as formas possíveis para torna-lo também o maior artilheiro da história do clube. Só faltou-lhe um título – o mais perto foi na campanha semifinalista no nacional 82 (ótimo para os padrões velezanos na época), do qual foi artilheiro.

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Carlos Bianchi, Christian Gómez (na direita celebrando seu gol do título em 2014) e Maxi Rodríguez nas idas e nas vindas

9) Christian Gómez: talvez o maior ídolo do Nueva Chicago. Começou a carreira ali, em 1991 e lá ficou até 2002, com um hiato de três anos por Independiente e Argentinos Jrs. Saiu após recolocar o bairro de Mataderos na elite e passou quase dez anos fazendo sucesso nos EUA até voltar ao Torito, em 2011. O time estava na terceirona e Gomito Gómez ajudou-o a subir. Nova queda veio em seguida. Mas logo um novo acesso também. Com ele, aos 40 anos, marcando de falta o gol do título da Primera B Metropolitana de 2013-14. E o Chicago tem chances de subir à elite neste fim de ano! Saiba mais.

*Atualização em 19-12-2014: o Nueva Chicago realmente voltou à elite no fim do ano. E com o eterno Gómez marcando o gol do novo acesso! Saiba mais.

8) Maxi Rodríguez: o dublê de ponta e meia foi revelado pelo Newell’s em uma fase muito decadente do clube, mas deixou bons números antes de ir à Europa: 20 gols em 57 jogos. Dez anos e duas Copas do Mundo depois, ele enfim se sedimentou na galeria dos grandes ídolos da Lepra. Voltou em 2012, com o time ameaçado de rebaixamento, e logo conseguiu um vice, no Torneio Inicial da temporada 2012-13. O título veio em seguida, no Torneio Final. Foi o 6º título dos rubronegros, nove anos depois do último, distanciando-os mais dos quatro do Rosario Central. Maxi manteve-se na seleção, jogando uma terceira Copa em 2014, e enquanto era campeão em 2013 foi também um dos líderes da campanha quase finalista na Libertadores, onde os pênaltis e um corte de energia que se fosse feito na Argentina renderia até hoje a pecha de catimbeiros aos rojinegros impediram-no de ainda mais história.

7) Zoilo Canavery: o Independiente já teve antigos ídolos voltando como campeões. Néstor Clausen e Jorge Burruchaga, dos anos 80, levantaram a Supercopa 1995 sobre o centenário Flamengo no Maracanã. Néstor Silvera, artilheiro do último nacional vencido pelo Rojo, em 2002, foi o único remanescente na Sul-Americana 2010. Mas o uruguaio Canavery contribuiu mais. Após ser vice argentino em 1912 no clube, se especializou em virar a casaca: defendeu e foi campeão no rival Racing e jogou ainda por Boca, River e seleção argentina (duas vezes, e contra o Uruguai natal!). Dez anos após aquele vice, voltou ao Independiente para ser titular no primeiro título nacional dos diablos. Estaria também no segundo, em 1926, ficou até o fim da década e foi o primeiro técnico profissional do clube.

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Zoilo Canavery nos anos 20, Omar Palma nos 80 e 90 e Ubaldo Fillol nos 70 e erguendo a Supercopa 1988

6) Omar Palma: “Uma vez Maradona te perguntou quem era teu ídolo e você disse que era El Negro Palma. Qual foi a reação dele?”, perguntou a revista El Gráfico ao brucutu Kily González, fanático pelo Rosario Central. A resposta risonha foi “me mandou à merda”. Palma, afinal, é o maior campeão profissional nos canallas. Esteve nos dois últimos títulos argentinos, em 1980 e 1987, este com o gosto de deixar o rival Newell’s de vice e fazer o gol do título – o Central aliás emendou um raríssimo bicampeonato, pois acabara de vencer a segunda divisão com El Negro lá, claro. Mas ele está na lista porque saiu em 1987 e voltou em 1992 para mais seis anos nos auriazuis, com um título continental (que tanto falta ao rival) incluso: aquela Copa Conmebol 1995, onde na final conseguiu-se devolver na Argentina um 4-0 que havia levado do Atlético-MG no Mineirão e depois vencê-lo nos pênaltis.

5) Ubaldo Fillol: o goleirão do título mundial de 1978 é mais ligado ao River. Mas antes de se eternizar nos millonarios, esteve no Racing no início dos anos 70, já criando fama como pegador de pênaltis (detém recorde dessas defesas na Argentina). Já consagrado, voltou à Academia em 1987 para vencer o primeiro título do clube desde o Mundial 1967: a Supercopa Libertadores 1988, sobre o Cruzeiro. El Pato era o capitão e essa foi a única taça racinguista até 2001. Por conta disso escolhemos ele e não Diego Militou ou ainda o atacante Humberto Maschio, que saiu para a Itália em 1957 (jogou pela Azzurra a Copa 1962) e voltou em 1966 para enfim ser campeão argentino e da Libertadores e Mundial – mas mais como liderança moral do que com gols decisivos.

4) Juan Román Riquelme: se considerássemos o antes e o depois, Riquelme lideraria o ranking fácil sobre os próximos três. Liderou o Boca carrasco da brasileiros e bi na Libertadores em 2000-01 e no Mundial 2000 sobre o Real Madrid. Saiu em 2002 para o Barcelona e só um Loco como Marcelo Bielsa o tiraria da Copa do Mundo naquele ano. Não deu certo na Catalunha, mas foi demais no Villarreal quase finalista da Liga dos Campeões em 2006. Um ano depois, voltou ao Boca para liquidar o Grêmio em novo título de Libertadores, além de outras taças argentinas e um vice na Libertadores 2012. Está em quarto porque o Boca estava acostumado a vencer antes de sua volta (vide a Libertadores e Mundial 2003).

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Riquelme garoto e nos 2-0 sobre o Grêmio no Olímpico em 2007; Francescoli e Verón em duas décadas

3) Enzo Francescoli: El Príncipe era um oásis nas decepções do River em meados dos anos 80 até que o título enfim veio em 1986 sob sua batuta. Naquele mesmo ano, o clube enfim venceria pela primeira vez a Libertadores e o Mundial, mas já sem o craque uruguaio. Voltou em 1994 e de cara liderou, no Apertura, o único River campeão invicto, com ele aos 33 anos terminando na artilharia do campeonato. Mas Enzo virou mesmo semideus millonario em 1996. Havia dez anos que o River sequer chegava na final da Libertadores. “Saldei uma dívida comigo mesmo”, já disse ele ao erguer o troféu, que na época igualava o clube com o Boca em títulos. Venceu ainda a Supercopa e o último tri ocorrido no campeonato argentino. Vence de longe o retorno de outros grandes  ídolos como Ramón Díaz, Ángel Comizzo, Marcelo Salas, Matías Almeyda, Fernando Cavenaghi…

2) Juan Sebastián Verón: José Luis Calderón esteve no rebaixamento do Estudiantes em 1994, no retorno à elite em 1995, no fim dos jejuns de 23 anos sem títulos argentinos em 2006 (marcando três nos 7-0 sobre o rival Gimnasia LP, maior goleada do clásico platense) e de 39 anos sem Libertadores, em 2009. Mas não dá para associar melhor o renascimento pincharrata que a La Brujita Verón, colega de Caldera em todas essas etapas mas muito mais influente a partir do seu retorno em 2006. O time de La Plata resgatou um prestígio esquecido pelos mais novos e a cereja foi reverter 20 anos de domínio do Gimnasia no dérbi e na luta por troféus.

1) Leandro Romagnoli: se os dois acima quebraram jejuns de Libertadores, El Pipi quebrou um estigma incompatível com a expressão que o San Lorenzo tem na Argentina. Era o talentoso meia-armador dos primeiros troféus internacionais, no bi da Mercosul 2001 com o da sucessora Sul-Americana 2002 até sair em 2004. Voltou em 2009 e permaneceu fiel aos cuervos mesmo com um rebaixamento quase iminente em 2012, revertido com o título nacional um ano depois (o primeiro em seis anos) e o fim da piadinha “Club Atlético Sem Libertadores da América” para a sigla CASLA do seu Club Atlético San Lorenzo de Almagro. É o único presente nas três taças continentais: saiba mais. Seu retorno o faz vencer a disputa com José Sanfilippo, superartilheiro na virada dos anos 50 para os 60 que voltara em 1972 para participar do primeiro elenco a vencer os dois títulos argentinos do ano.

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Romagnoli antes das três finais continentais do seu San Lorenzo: Mercosul 2001 (contra o Flamengo), Sul-Americana 2002 e Libertadores 2014. Único no clube em todas

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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