2013/14: a volta do protagonismo dos grandes?
Começa hoje a temporada 2013/14 do futebol argentino. A expectativa é que pouca coisa mude em relação ao cenário dos últimos anos. As más administrações continuam, as tentativas medíocres de combater a violência também. Dificilmente teremos um aumento significativo no nível técnico. Mas há uma mudança que parece possível: a volta do protagonismo dos grandes clubes.
Lentamente, as más administrações fizeram que os chamados “grandes” do futebol argentino (Boca, River, Independiente, Racing, San Lorenzo) fossem perdendo parte de seu protagonismo histórico. A ponto de, dos últimos dez títulos nacionais, apenas um deles ter sido conquistado por um deles, o Apertura 2011 levantado pelo Boca de Falcioni (lembrando que o Supercampeonato conquistado recentemente pelo Vélez teve o status de título). Agora a expectativa é que o quadro mude.
Começando pelo River Plate, que após alguns anos fazendo figuração (incluindo um rebaixamento), volta a aparecer nas listas de candidatos ao título. O Milo é comandado pelo técnico mais vencedor de sua história, dispensou jogadores que não interessavam a Ramón Diaz e fez contratações importantes (Teo Gutierrez, Fabbro, Carbonero). Ainda pensa em mais nomes fortes, sobretudo para o ataque, mas a princípio parece fadado a lutar no alto da tabela em ao menos um dos dois torneios.
Após dois anos lutando contra o rebaixamento, finalmente o San Lorenzo poderá almejar vôos mais altos. Juan Antonio Pizzi conseguiu arrumar a equipe, que esteve na parte mais alta da tabela em todo o último Final. A direção conseguiu manter a base do elenco, perdendo poucos jogadores importantes e trazendo reforços potencialmente interessantes, como Más (San Martín), Elizari e Cauteruccio (ambos do Quilmes). A torcida do Ciclón espera poder voltar a conquistar um título após seis anos.
Não muito distinta é a situação do Racing. Já são anos e anos em que a Academia não consegue lutar pelo título, e chegou a temer o descenso em algumas oportunidades. Desta vez há mais motivos para esperança. O clube se livrou de alguns jogadores que não vinham funcionando, manteve o treinador, segurou a maior parte das jovens promessas (perdeu apenas Fariña, para o Benfica) e tirou o bom uruguaio Regueiro, do Lanús, além de repatriar Viola, cria do próprio Racing.
A situação do Boca Juniors é um pouco mais incerta. Carlos Bianchi promoveu uma verdadeira limpeza do elenco, mas as contratações foram poucas. Os únicos nomes de impacto que chegaram foram Cata Díaz e Fernando Gago. O que pode ser um ponto positivo é o fato de que finalmente o Virrey tem em mãos um elenco no qual confia. E em se tratando do técnico mais vencedor da história do clube, isso não é pouco.
Dentre os chamados “pequenos”, os que se perfilam como postulantes ao título são os de sempre. A começar pelo Vélez, que perdeu Chucky Ferreyra, promissor atacante, para o futebol ucraniano, e não conseguiu segurar Fernando Gago. Por outro lado, a reposição veio com os retornos de Mauro Zárate e Hector Canteros, tornando o Fortín mais uma vez candidato a lutar no topo da tabela.
Outro candidato possível é o Newell’s, que mudou pouco em relação à equipe que fez sucesso no primeiro semestre. O problema é que as mudanças foram poucas, mas muito importantes: o clube perdeu o técnico Tata Martino e o atacante Scocco, seus nomes principais. E os substitutos são incógnitas. Comandando a equipe estará Alfredo Berti, discípulo de Marcelo Bielsa e Gerardo Martino, mas sem experiencia previa como treinador principal. E a camisa 9 será vestida por Trezeguet, de qualidade indiscutível, mas cujo rendimento a esta altura da carreira é incerto.
Candidatíssimo ao protagonismo é o Lanús. O clube do Sul perdeu Regueiro para o Racing mas trouxe os experientes Somoza e Santiago Silva, ambos do Boca Juniors, além do promissor atacante Melano, ex-Belgrano. Sob o comando do estreante Guillermo Barros Schelotto os granates lutaram pelo título nos dois torneios da temporada anterior, e com os novos reforços a equipe deve ganhar experiência e força ofensiva para chegar mais perto de conquistas.
Mas o futebol argentino sempre surpreende. Nada impede que um outsider conquiste um título, algo como o Clausura 2012, levantado pelo surpreendente Arsenal. Talvez o Estudiantes, reformulado por Mauricio Pellegrino e tendo Verón de volta aos gramados, possa chegar lá. Treinado pelo promissor Martín Parlemo o Godoy Cruz fez um ótimo Final, ainda que os promédios o condenem a manter o olho na luta contra o descenso. Há o Rosário Central, retornando à elite após três anos. Enfim, quando a bola rolar na noite desta sexta-feira, ninguém terá muita certeza sobre quem de fato disputará os títulos da temporada.