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El Otro Superclásico: conheça a versão brasileira da rivalidade

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“O que seria do futebol sem um clube para amar e um clube para odiar? Boca e River são mais que o azul & amarelo, o vermelho & branco; que Núñez & La Boca; que Diego [Maradona] & Enzo [Francescoli]; que Román [Riquelme] & El Burrito [Ortega]. São mais que clubes, são uma força superior. Tão superior que, se em uma galáxia distante, um alien bostero funda um Boca Juniors, com certeza aparecerá um alien gallina e funda um River Plate. Para que nessa galáxia haja um Superclásico e a natureza esteja em equilíbrio”.

Não poderia haver dizeres melhores para descrever El Outro Superclásico do que estas suas próprias palavras. Trata-se de documentário brasileiro da produtora Casulo Interactive Studio focado para os argentinos (a narração é em espanhol e há legendas das entrevistas em português) verem que o dérbi se repete a 4 mil quilômetros de distância, em um Estado onde as forças mais tradicionais são o Sergipe, o Confiança e o Itabaiana. É com ele que abrimos a Supersemana, a semana prévia ao confronto do Boca-River original, marcado para o próximo domingo, dia 6 de outubro.

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A história começa oficialmente há 20 anos, em 1993, ano da fundação, na cidade de Cristianápolis, do Boca Juniors, algo alimentado pelo presidente Gilson Behar (que tem um filho chamado Riquelme) desde a descoberta de que o homônimo argentino era o clube em que Maradona jogava na época da Copa de 1982. De acordo com o dirigente, a liberação para o nome enfim se concretizou em 2004, sem o S. Foi o ano em que a agora Sociedade Boca Júnior Futebol Clube enfim venceu a divisão de acesso à elite sergipana. No Brasil, até já existia um River, ainda que sem “Plate” no nome, um dos mais tradicionais clubes do Piauí.

Mas ainda faltava algo. “O Ying futebolista precisava do seu Yang”, na feliz metáfora do documentário. Vazio enfim preenchido em 2007, quando o São Cristóvão, clube de 40 anos da cidade de Carmópolis e que estava na 2ª divisão (por sinal, em 2007 o Boca também estava lá novamente, mas voltou a vencê-la), foi comprado por Beto Caju, amigo de Gilson. Beto queria alterar o nome do seu clube.

Um detalhe talvez mais incrível, reforçando a dita metáfora, é a de que a sugestão para que River Plate fosse o nome novo partiu do próprio presidente “boquense”. Muito apropriado foi o River “original” ter sido campeão argentino por aquela época, no primeiro semestre de 2008 – até hoje, o último título da Banda Roja de Núñez. Ideia acatada, surgiu a Sociedade Esportiva River Plate, que enfim saiu do papel em 2009, para a segundona sergipana. O Boca Júnior estava nela outra vez. Mas não se enfrentaram ainda.

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“Se em uma galáxia distante um alien bostero funda um Boca Juniors, um gallina funda um River Plate. Para que nessa galáxia haja um Superclásico e a natureza esteja em equilíbrio”

A dupla ficou em grupos diferentes. O Boca não avançou no seu, o River sim. E acabaria campeão. Um embalo meteórico que não acabou ali: em sua estreia na 1ª divisão estadual, o River de Carmópolis liderou a primeira fase, com três pontos de vantagem sobre o Itabaiana, e também o quadrangular final, com dois sobre o Confiança. O estreante acabou campeão. E não parou ali: em 2011, foi bi, enquanto o “original” passava pelo vexame do rebaixamento. Em 2012, semifinalista e em 2013, vice para o Sergipe.

2013 foi também o ano em que o Boca Júnior (agora na cidade de Estância e não mais em Cristianápolis) voltou à 1ª divisão e enfim “O Outro Superclássico” foi proporcionado. Perfeito: mesmo uma versão menos badalada não poderia começar fora da elite. A primeira fase ainda teimou em separá-los em grupos diferentes, mas o segundo turno, em um sistema de todos contra todos, enfim colocou o Boca frente a frente com o River e o River frente a frente com o Boca. Justamente no ano do centenário do primeiro Boca-River “original” na elite argentina.

O encontro sergipano não ocorreu uma, mas duas vezes no torneio: em 6 de março, um 0-0. Os primeiros gols do (por que não?) “Superclássico Brasileiro” vieram em 20 de abril, no returno do segundo turno. Confirmando o melhor momento, o caçula venceu em casa por 2-1. Cem anos atrás, naquele dérbi inaugural, o River também venceu por 2-1 em jogo que não deixou de ter faíscas – clique aqui para ler sobre. E é claro que mesmo a versão genérica do Super não poderia se encerrar sem exaltações, como bem demonstra o filme, abaixo…

(Clique aqui para conhecer o site oficial de El Otro Superclásico, a conter diversos vídeos e materiais extras e até com a opção de “fortalecer” cada lado da história e gerar carteirinhas para ingressar gratuitamente nos jogos da dupla em Sergipe. E aqui para ver a página oficial do documentário no Facebook. Twitter: @eosuperclasico; Instagram: @elotrosuperclasico)

http://www.youtube.com/watch?v=S9i62hH-qEg

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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