Sul-Americana

Foi ruim, mas foi bom

Desde Buenos Aires – Foi muito abaixo do esperado. O empate sem gols na primeira partida da final da Sul-Americana deixou uma sensação de que absolutamente nada está definido. Apesar de ter mais elenco, o São Paulo não conseguiu furar a boa defesa do Tigre e ainda sofreu com a expulsão de Luis Fabiano logo aos 13 minutos do primeiro tempo. O zagueiro Donatti também viu o vermelho no mesmo lance, mas foi o Tricolor quem saiu perdendo com a decisão do árbitro paraguaio. O segundo jogo será na próxima quarta-feira, no Morumbi.

AMBIENTE DA FINAL

A Bombonera não lotou. Não foi aquela pressão costumeira em dias de jogos do Boca, mas mesmo assim a torcida do Tigre fez o seu papel e levou um excelente número de apaixonados até o estádio Xeneize. Entorpecidos pela magia de sua primeira final internacional, chegavam animados e cantando de que sim, era possível vencer aquele que todos dizem ser o favorito para conquistar o título.

No lado da torcida brasileira, um reforço. Torcedores do Chacarita Jrs engrossavam o coro tricolor. No intervalo da partida revezavam canções em espanhol e se arriscavam com alguns cantos em português. Tradicionais rivais do Tigre, fizeram questão de explicar aos “amigos que compartilham a paixão pelas mesmas três cores”, de quem se tratava o adversário desta final. Tudo numa visão muito parcial, é claro. Após o término do confronto o lado visitante permaneceu por mais de uma hora dentro da Bombonera esperando a total desconcentração do público “local”. Foi a deixa para mais intercâmbio de canções e camisetas. Os argentinos iam embora com a do São Paulo e os brasileiros vestindo camisetas do Chaca.

O JOGO

Foram bons primeiros minutos e nada mais. Para resumir tudo que aconteceu nesta partida precisamos entender o minuto 13 como um divisor de águas. Até as expulsões de Luis Fabiano e Donatti, o São Paulo vinha jogando melhor e sendo agressivo. Buscava o gol e ficava com o domínio da bola. A partir do momento que perdeu a sua referência no ataque, nenhum outro jogador conseguiu fazer o papel de um típico centroavante, e então o Tigre se animou e começou a arriscar um pouco mais. Ainda sim o São Paulo foi superior nos primeiros quarenta e cinco minutos, mas nada que justificasse ir para os vestiários com uma vitória parcial.

Porém foi no segundo tempo que o Matador começou realmente a levar perigo. O Tricolor cometia muitas faltas e proporcionava aos argentinos aquilo que é o seu ponto forte; cruzar a bola na área e tentar espetar algo em alguma cabeçada dos seus altos zagueiros. Lucas era quem dava respiro no ataque quando ficava com a bola e corria para cima dos rivais em dribles longos e rápidos. O meia bem que tentou, mas o sistema defensivo do Tigre conseguiu salvar as principais jogadas e anular o embrião de outras ainda no meio de campo.

Pelas circunstâncias da partida, pelo fato de jogar fora de casa, o resultado foi levemente melhor para o Tricolor que agora decidirá em São Paulo. Qualquer um dos dois times que conseguiur uma vitória simples ficará com o título e, vale a pena lembrar que nesta competição, assim como na Libertadores, nos jogos das finais o gol marcado fora de casa tem o mesmo valor. Foi ruim, mas foi bom para ambos.

Leonardo Ferro

Jornalista e fotógrafo paulistano vivendo em Buenos Aires desde 2010. Correspondente para o Futebol Portenho e editor do El Aliento na Argentina.

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