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O retorno do Boca

Da última vez, um troféu conquistado muito mais na raça do que qualquer outra coisa. Talvez para homenagear Pedro Pompilio, falecido naquele ano. Depois de dominar a primeira metade do Apertura 2008, o San Lorenzo de Miguel Angel Russo perdeu fôlego, enquanto o Boca Juniors de Carlos Íschia tinha gás de sobra graças aos meninos vindos da base. No triangular final, certo drama devido às falhas do goleiro Javier Garcia, mas nada que impedisse a volta olímpica e o troféu erguido por Ibarra. Mal sabiam que, naquele momento, teriam de esperar três anos pelo próximo.

Palermo não jogou naquela campanha por uma lesão do joelho, de modo que o “cabaret” Xeneize não era tão tumultuado. Dátolo estava num momento inspirado, até melhor que o de Riquelme. Viatri, Noir, Gaitán, Mouche, Roncáglia e Forlín trouxeram qualidade e um ensaio de renovação num elenco tão tradicionalista. Tudo isso desmoronou no ano seguinte.

Na Libertadores 2009, uma classificação tranquila pela fase de grupos, mas uma eliminação vergonhosa nas oitavas-de-final, em plena Bombonera, para o Defensor (URU). Quanto ao Clausura, uma das piores campanhas da história do clube (14º), que terminou já sem Ischia no comando. O time já tinha perdido Dátolo, Forlin, e mais tarde Roncáglia. Riquelme não brilhava como antes e ainda brigava com Maradona, ainda DT da Seleção. Nem a chegada de Alfio Basile para o Apertura mudou muita coisa. Um mísero 11º lugar e a renúncia após perder o Superclássico de Verão.

Por tras disso tudo, as brigas políticas na diretoria e a falta de dinheiro tornavam as soluções muito mais complicadas de salvar o clube. Chegou 2010, e este cenário ficou mais grave e claro para quem quisesse ver. Sem vaga na Libertadores, o Boca enfrentou o Clausura sem ter sequer um técnico efetivado. Abel Alves e Tito Pompei nada puderam fazer, e mesmo com Palermo em boa forma, amargaram o 16º lugar na tabela.

Tanto Ameal quanto seus opositores viram este momento como uma necessidade de reação. O gigante queria acordar, e pra isso convidou o campeão daquele torneio para fazer faxina na casa. Claudio Borghi até trouxe consigo alguns reforços para a defesa, ponto considerado o mais crítico da equipe. No entanto, seu esquema 3-4-1-2 foi rejeitado pelo elenco Xeneize, e falhou principalmente porque na vaga de enganche, quase nunca contou com Riquelme para acertar o esquema da forma que funcionava no Argentinos. Antes do fim de 2010, veio a demissão, também graças ao River Plate.

O caminho de volta às glórias começaria devagar, apesar de todas as complicações dos anos anteriores. Mais um técnico campeão foi chamado: Júlio César Falcioni. El Imperador também tentou trazer o estilo que o consagrou, do Banfield, algo que não começou bem apesar dos reforços. A defesa continuava frágil, o goleiro não inspirava confiança, o meio-campo era pouco criativo, e no geral o time ainda dependia de medalhões como Battaglia, Riquelme e Palermo. Este último trouxe a única fonte de motivação ao Boca no Clausura 2011, pois tratava-se da despedida do ídolo.

Mas já naquele torneio foi possível reparar um leve crescimento na briga até a última rodada pela vaga na Sul-Americana. Mas a chegada de reforços importantes ajudou a resolver boa parte dos problemas em campo. Schiavi, apesar de voltar aos 39 anos, deu segurança a zaga assim como no Newell’s de 2009, quando também jogava ao lado de Insaurralde. Roncáglia voltava para, enfim, ter alguém de qualidade para ocupar o lado direito da defesa Xeneize. Com este ponto fraco resolvido, ficou mais fácil de se concentrar em terminar a “Romandependencia” que já durava 4 anos. Não bastava um substituto, mas um novo estilo de jogo. Enfim, o Boca Juniors assimilou a forma “Banfield 2009” de jogar.

No início, o bom momento se confundiu com as boas exibições de Riquelme. Só depois de perceber a solidez da defesa, a agilidade do time com Chávez de enganche, o ataque eficaz com Viatri, Blandi, Mouche e Cvitanich e as vitórias seguidas (ainda que econômicas, pois das 11, sete foram por um gol de diferença), a Argentina se convenceu: o Boca voltou. Invicto. A mistura da zaga do Newell’s em 2009, com o estilo do Banfield do mesmo ano e a tão sonhada renovação não rendem um futebol-arte como o da época de Bianchi, mas rende vitórias e o título do Apertura.

Apesar dos triunfos, o futuro ainda parece incerto. Schiavi prometeu ficar por mais seis meses, mas continuará jogando bem na defesa? Falcioni renovará o contrato? Angelici, o novo presidente, trará a filosofia de Mauricio Macri de volta ao clube? Se trouxer, Riquelme fica? Eis que o momento de celebração do Boca Juniors não permite que os hinchas pensem nisso agora, mas se o bom momento continuar, mesmo com as mudanças, nem vão precisar.

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

2 thoughts on “O retorno do Boca

  • laercio

    É o GIGANTE esta de volta,BOCA JRS,rumo ao titulo da LIBERTADORES 2012,LA 12 pode preperar a festa!!!

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