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Surpresas ou cavalos paraguaios?

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Chegando devagar, sem que ninguem esperasse, vieram os Canallas para serem líderes isolados do Apertura 2009. Nem Velez, nem Estudiantes e muito menos Boca Juniors. E como escolta do Rosário Central, outra surpresa vinda do sul: o Banfield de Santiago Silva. Todavia, mesmo sendo esquadras invictas até o momento, passarão a ser candidadas ao título?

Olhando cuidadosamente o que fizeram até aqui, não é muito provável…

Racing, Tigre, River e Chacarita. Esses foram os adversários derrotados pelo time de Cuffaro Russo.

Longe de querer desmerecer qualquer uma dessas equipes, mas todas elas estão passando por um momento instável, fazendo com que vence-las não se torne um trabalho árduo. E um exemplo disso veio do próprio jogo mais recente dos líderes deste Apertura.

Os Canallas curiosamente jogaram como se estivessem no Arroyito, graças a 8.000 fanáticos que compareceram ao estádio dos Funebreros. Conseguiram contar com maior volume de jogo, e aproveitaram bem o jogo aéreo, tanto que o gol saiu numa jogada assim na cabeça de Zelaya. No entanto, o futebol mostrado não foi digno de um líder.

Caminhando na mesma trilha está o Taladro de Júlio Falcioni. Até as vitórias sobre Chacarita e River foram parecidas com as do Central.

A bem da verdade, a última vitória sim foi digna de celebração. Mesmo sendo num clássico, onde teoricamente as forças se equilibram pela rivalidade, bater o bem ajustado Lanús de Luis Zubeldía em La Fortaleza é luxo para poucos. O problema é quando se percebe que o triunfo veio pelo mesmo homem que trouxe os anteriores na base do instinto artilheiro: Santiago Silva.

Não podemos desprezar de forma alguma a colaboração de Walter Erviti, novo articulador após a saída de Bertolo. Contudo, graças aos 5 gols do uruguaio matador, o Banfield pode vencer, mesmo sem atuações convincentes.

De qualquer forma, os números são frios. E graças a eles estes dois clubes hoje se encontram no mesmo patamar de Velez e Estudiantes, as duas maiores forças deste torneio.

E se formos análisar com carinho as performances do atual campeão, também não veremos exatamente um bicho-papão dos gramados argentinos. Não se pode negar que o Fortin manteve sua base e, consequentemente, seu bom futebol. Porém, eles perderam muito poder de decidir os jogos. Os gols por parte de Hernan Lopez e Maxi Moralez não saem mais. Contra outros times, apesar disso, o Vélez venceu. Contra o San Lorenzo não foi possível, mesmo em casa.

Quanto ao Estudiantes, o problema é similar, mas não identico.

Os confrontos contra o mesmo San Lorenzo e o de hoje contra o Independiente servem bem para ilustrar isso. Os comandados de Alejandro Sabella jogam com a mesma eficiência que lhes rendeu a conquista da América, no ataque e na defesa. Mas, momentaneamente, eles sofrem de apagões terríveis, dos quais os adversários se aproveitam e conseguem a igualdade no placar.

Diante dos Rojos, com o coração na ponta da chuteira, a insistência de Juan Manuel Díaz rendeu os três pontos no finzinho. Só que o problema da falta de concentração precisa ser checado, afinal a distração do Mundial de Clubes se aproxima a passos largos.

Apesar dos pequenos incômodos, esses times podem se gabar de estarem bem estruturados para almejarem grandes coisas, o que futuramente lhes dará vantagem sobre os atuais e surpreendentes líderes de hoje. Além de causar desespero em outros pretendentes tais como Lanús e Boca. Este último principalmente, que foi presa fácil para o belo jogo do Atlético Tucuman.

Entretanto, o Campeonato Argentino traz consigo um equilibrio por baixo, porém indiscutível. Clubes como o Central e o Banfield até podem sonhar grande, tal como fez o Huracan no semestre passado. É bem pouco provável, até por serem situações diferentes. Mas quem sabe o tempo não pode os favorecer e queimar minha língua?

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

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