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25 anos da última transferência direta entre Boca e River: Sebastián Rambert

Publicado originalmente em 4 de setembro de 2017, revisto, ampliado e atualizado

É até injusto reduzir Sebastián Pascual Rambert, o Pascualito, ao título da matéria. Mas também é histórico. Em 2 de setembro de 1997, apenas nove dias depois de seu último jogo pelo Boca, Rambert (pronunciado “Râmbert” pelos hermanos, com as duas letras R lidas com a língua tremendo nos dentes, embora sua origem francesa ordenasse que fosse “Rambér” e com os mesmos R sendo falados arranhando a garganta) assinava com o River. Para estrear já no dia seguinte pelo novo clube. Vale lembrar a carreira que iniciou promissora no Independiente e que se perdeu na dupla principal do país. E, especialmente no tocante a travessias por gigantes argentinos, também vale falar para além do próprio Sebastián.

Pai e tio ilustres entre Avellaneda e a França

Nascido em 30 de janeiro de 1974 em Bernal, o atacante, bisneto de um imigrante francês, tinha o futebol na família. Sem espaço no Independiente, o pai, Ángel Rambert, foi profissionalizado no Lanús (cidade em que seu pai, Pascual, havia se radicado junto dos outros quatro filhos com Angélica, a esposa) e inclusive fora à forra contra o próprio Rojo em 1958, quando marcou dois gols para arrancar um empate em 3-3 após os grenás estarem perdendo de 3-0. Logo nos inícios de 1959, El Chirola rumou a um modesto Lyon para virar ídolo. Participou dos primeiros títulos expressivos do clube, as Copas da França de 1964 (quando, capitão, recebeu do próprio Charles de Gaulle a taça) e 1967, e defendeu naquele período a seleção francesa, embora uma lesão impedisse sua participação na Copa do Mundo de 1966. Falamos sobre sua trajetória no Lyon aqui e nos Bleus, aqui. Casado com Norma Landeiro, teve primeiramente duas filhas, nascidas na própria França: Jacqueline, em 1962, e Lilianne, em 1963.

O pai Ángel Rambert pela seleção francesa, Sebastián pela argentina e relembrando Ángel em fotografias do pai pelo Lyon

Sebastián foi levado ao Independiente por Ángel. Mas um câncer impediu que desfrutasse mais tempo do pai, motivando o seguinte desabafo à revista El Gráfico em 2008: “não pude aproveitar a experiência do meu pai. Tive a desgraça de perdê-lo aos oito anos. A imagem materna foi muito importante para mim. Devo quase a totalidade da minha carreira à minha mãe, Norma. Ela foi o pilar desde o econômico até o apoio incondicional que me deu para ser alguém dentro do futebol. Vivi rodeado de mulheres, porque tenho duas irmãs muito mais velhas que eu”. Lamento profundo à parte, o Pascualito não deixou de ter uma referência familiar no futebol, inclusive para virar a casaca. Irmão de Ángel e, por tabela, tio de Sebastián, Néstor Rambert defendeu os dois lados de Avellaneda – e inclusive foi a primeira geração dos Rambert a chegar ao time principal do Independiente.

El Chanana profissionalizou-se exatamente no Independiente, também como atacante, em 1962. Mas jogou apenas cinco vezes pelo campeonato e em 1963 foi trocado com o Chacarita pela dupla Mario Rodríguez e Raúl Savoy, em negócio que rendeu frutos ao Rojo já naquele ano. Em 1966, foi a vez de ser envolvido em outro troca-troca, agora com o Racing, que cedeu ao Chaca o zagueiro Ángel Bargas (posteriormente o primeiro jogador que a seleção importou do futebol europeu, pelo Nantes). Pela Academia, El Chanana Rambert foi um reserva pé-quente: campeão argentino naquele mesmo ano, também deixou um gol ao longo da campanha racinguista campeã da Libertadores de 1967, no 6-0 sobre o Bolívar pela fase de grupos.

O tio Néstor Rambert como jogador do Racing e técnico infantil no Independiente – função onde poliu o garoto Sergio Agüero

Integrante também do grupo campeão mundial, mas sem nunca se firmar como racinguista, Néstor voltou ao Chacarita em 1968 e em seguida encontrou no Lyon o irmão Ángel. Em 1987, foi então reempregado pelo Independiente, como técnico infantil. Onde teve talvez sua principal importância no futebol; além de polir alguns pratas-da-casa do timaço de 1994-95, como o sobrinho ilustre, foi o responsável por incorporar ao Rojo o ainda garoto Gabriel Milito desde os juvenis do próprio Racing (onde Gaby estava junto do irmão Diego). Mas a grande joia com que Néstor trabalhou como treinador da base foi inegavelmente Sergio Agüero. Que não deixou da agradecer publicamente em 15 de julho de 2017, um dia após o mestre ter falecido.

Mas seria mesmo Sebastián quem eternizaria o sobrenome Rambert na Doble Visera.

O aviãozinho do Independiente

Naquela mesma reportagem, Sebastián refletiu que “minhas melhores lembranças são do Independiente, porque me formei no clube do qual sou torcedor. Pude jogar na elite, sair campeão… hoje me dou conta do difícil que é obter algo assim, e eu consegui muito jovem”. A ligação com o clube, para além do tio famoso, foi reforçada também por uma amizade: Pascualito conhece desde os 5 anos de idade o meia Gustavo López. Foram colegas em uma equipe infantil treinada pelo pai de Gustavito, torcedor rojo fanático, e ambos conviveram depois nos juvenis do clube. Puderam ser treinados por diversas lendas dos anos 60 e 70, agora ocupadas em polir os juvenis: o citado Savoy, Osvaldo Mura, Hugo Saggioratto, o próprio ídolo-mor Ricardo Bochini e Ricardo Pavoni.

Néstor Rambert em duas festas do vitorioso Racing de 1966-67: com o ex-goleiro Agustín Cejas em 1991; e nos quarenta anos do Mundial, em 2007 – ele, Fernando Parenti, Miguel Mori, Humberto Maschio, Antonio Spilinga, o brasileiro João Cardoso e o técnico Juan José Pizzuti; Jaime Martinoli, Juan Carlos Rulli, Rodolfo Vicente, Oscar Martín e Juan Carlos Cárdenas

Foi Pavoni que, como técnico interno, rendeu a Rambert a primeira oportunidade no time adulto, em 1992 – inclusive, para substituir o parceiro Gustavito, com direito a beijo de sorte ao entrar e até a perder o casamento da própria irmã Lilianne. Mas só veio a se firmar com a chegada do treinador Miguel Ángel Brindisi, em 1994. O clube, embora até ficasse nos primeiros lugares com o contestado Pedro Marchetta, já chegava ao quinto ano sem título, tempo demais naquela época para uma torcida que ainda tinha fresca na memória a Era Bochini. Em paralelo, Rambert, ainda reserva, tinha somente um gol como profissional antes de Brindisi chegar, na reta final do Apertura 1993; sua mãe Norma inclusive já não preferia vê-lo em campo, desgostosa com as vaias endereçadas ao filho. O torneio teve suas quatro rodadas finais realizadas a partir de fevereiro de 1994, após pausa natalina na qual Marchetta – nunca engolido sobretudo por ser declarado torcedor, ex-jogador e ex-treinador racinguista (!) – acertara com o Rosario Central.

Brindisi era ele próprio ex-jogador do Racing também, mas teve toque de Midas. Naquelas quatro rodadas finais, Rambert literalmente dobrou sua quantidade de gols, anotando no 2-2 com o Boca e no 3-2 no Gimnasia. Em um torneio equilibradíssimo, o Rojo ficou a dois pontinhos do título. Que não escaparia no campeonato seguinte – em que Rambert agora mais do que dobrou os gols que somava até então: foram sete, incluindo um no clássico com o Racing (2-2) e o primeiro na última rodada, o 4-0 sobre o então líder Huracán, em duelo que o acaso transformou em confronto direto pelo título. Era a coroação de uma reta final marcada por outras goleadas, quando Brindisi enfim acertou o time-base. Embalo que se manteve a ponto do jejum cair em dose dupla.

Loirinho ao meio, ao lado de um amigo de infância: Gustavo López (o técnico é seu pai), que segura a bola. À esquerda, ambos celebram o Clausura 1994, com Daniel Garnero ao meio. Rambert viraria assistente técnico de Garnero no futebol paraguaio

Três meses após comemorar o Clausura, o Independiente, com um belo futebol e colecionando eliminações de brasileiros, faturou também, pela primeira vez, a Supercopa Libertadores. Foi o primeiro título internacional em dez anos, até então o maior jejum nesse aspecto do clube desde que o time iniciara a fase Rey de Copas nos anos 60. Ao lado do carismático colombiano Alveiro Usuriaga, Rambert foi a grande figura da conquista, com gols contra todos os adversários.

Em estado de graça, o ponta fez o último no 4-0 sobre o Santos (na ida, no Brasil, fez curiosamente o gol contra da derrota de 1-0); abriu o placar no finzinho sobre o Grêmio de Scolari no Olímpico (os gaúchos ainda assim conseguiram empatar, mas levaram de 2-0 em Avellaneda); deixou o dele em outro 4-0 sobre vizinhos, desta vez os do Cruzeiro, para então sobressair-se na decisão. Que, para o Rojo, era uma revanche pessoal: o time chegara à final em 1989, mas perdera nos pênaltis em casa para o Boca… que voltava a ser o adversário da vez. Na ida, em La Bombonera, os auriazuis, treinados por César Menotti, venciam por 1-0 até um cabeceio do Pascualito empatar a doze minutos do fim – em comemoração retratada na imagem acima.

Cenas do segundo semestre de 1994: deixando no chão o veterano Néstor Clausen no clássico em que o Independiente voltou a vencer o Racing após onze anos; e comemorando no jogo de ida da Supercopa contra o Boca de Carlos Mac Allister. Junto a ele, Ricardo Gareca (foto do meio), Daniel Garnero (camisa 10) e Gustavo López (camisa 7)

Na volta, 40 mil presentes na Doble Visera em tarde de um dia útil puderam assistir a jogada treinada desde a infância resultar no único gol, relembrando os bons tempos de outra dupla, Ricardo Bochini e Daniel Bertoni: passe de Gustavo López, gol de Rambert, um golaço de toque sutil, no ar e de primeira, para encobrir o goleirão Carlos Navarro Montoya e decolar o aviãozinho, a comemoração característica que Rambert consagrou na Argentina após vê-la nos brasileiros (no início, foi ridicularizado, mas “segui fazendo e me deu uma identidade”, explicou naquela ocasião com a El Gráfico em 2008).

Ele logo estreou pela seleção: não só foi titular na primeira partida da Era Passarella como também marcou o primeiro gol dela, abrindo ainda com 5 minutos de jogo um 3-0 sobre o Chile dentro de Santiago, uma semana depois da conquista da Supercopa. Mas “o que mais forte me ficou gravado foi a Supercopa 1994, e isso que antes havíamos ganho o Clausura deste ano. Ainda hoje, muita gente me faz lembrar”, admitiu. Adiante, ele integrou em janeiro de 1995 a Argentina que terminou vice da Copa das Confederações e, em março, venceu os Jogos Pan-Americanos com uma seleção sub-23 também treinada por Daniel Passarella.

Encobrindo o goleirão Navarro Montoya no jogo da volta para garantir a Supercopa 1994 (à esquerda, Fernando Gamboa, outra contratação direta entre River e Boca) e apresentado junto com Zanetti na Internazionale: ele era mais aguardado que o defensor em Milão

Em abril, seu Independiente faturou a Recopa Sul-Americana (na época disputada entre o campeão da Libertadores e o da Supercopa), podendo então se gabar de ser o primeiro clube a conseguir todos os troféus internacionais que havia disputado – e de se isolar na época, a nível mundial, como o time com mais títulos internacionais. Mas, apesar do título, a Era Brindisi já estava sob crise nos bastidores políticos do clube, que viu o timaço se desmanchar rapidamente ao fim do primeiro semestre de 1995. Veloz, driblador e com entrega, Rambert chegou a ser comparado a Marco van Basten e justamente a cidade de Milão abriu o olho. Não pelo Milan, mas pela Internazionale.

De Milão ao Boca de Maradona

Rambert foi apresentado na Inter junto com ninguém menos que Javier Zanetti, então revelação no Banfield. Em ironia histórica, era o atacante, e não o lateral, a contratação principal. Mas chegou já sem condições físicas; acabou, inclusive, de fora da Copa América daquele 1995. E calhou de aparecer ainda nas vésperas da era pós-Lei Bosman e passaporte comunitário: “quando a Inter me comprou, fui lesionado. Mas além disso, porque ao fim parei de jogar por esse joelho, o tema é que então só podiam jogar três estrangeiros. Era muito difícil entrar”.

Representando o Independiente do Clausura e da Supercopa na confraternização dos campeões de 1994: o River (Apertura 93, só finalizado no ano seguinte, e Apertura 94) de Roberto Ayala e o Vélez (Libertadores e Mundial) de Omar Asad

Os nerazzurri, além de Zanetti, possuíam de não-italianos também o inglês Paul Ince e os brasileiros Caio Last Kiss Ribeiro e Roberto Carlos. Assim, Rambert não foi mais utilizado por Passarella desde um 0-0 amistoso contra a Colômbia ainda em 11 de outubro de 1995, quando estava recém-chegado ao calcio. Sem espaço na Itália, ele foi emprestado ao Real Zaragoza no primeiro semestre de 1996, retomando por lá a parceria com Gustavo López; a equipe aragonesa havia sido campeã continental no ano anterior, no embalo de uma panelinha argentina. Mas somente Gustavo daria certo em La Liga. Ao contrário dele, Rambert, mesmo tendo idade olímpica, acabou não lembrado por Passarella para os Jogos de Atlanta. No segundo semestre de 1996, o Pascualito então apareceu no Boca.

Ele veio junto com, dentre outros, Diego Cagna (ex-colega de Independiente) e Roberto Abbondanzieri (adquirido junto ao Rosario Central). Não era o melhor momento do time, que acabara de se desfazer de Maradona e Caniggia, cada um a tirar anos sabáticos: Diego para tratar-se das drogas, Cani para recuperar-se do suicídio da mãe. Rambert estreou com gols nos dois primeiros jogos (3-1 na Universidad de Chile em amistoso, 2-0 no Argentinos Jrs pela Supercopa 1996), mas os aviãozinhos gradativamente rarearam. E o clube não conseguia sequer vencer mais do que perder no Apertura 1996.

Rambert no Boca: chegou a ser protegido por Maradona

Na pré-temporada, atacante e clube davam sinais de melhora; em pleno aniversário de 23 anos, em 30 de janeiro de 1997, Pascualito liderou com dois gols um 4-1 em Superclásico amistoso em Mendoza. Uma semana depois, não se inibiu em guardar mais dois mesmo diante do Independiente, batido por 3-2, em outro amistoso em Mendoza. Mas, uma vez iniciado o Clausura, novamente os xeneizes pecaram pela irregularidade – enquanto o ponta chegou até a ficar sem jogar entre março e junho de 1997. O que fez o River abrir o olho no atacante rival foi justamente a forma promissora com que Pascualito parecia desempenhar já no início do segundo semestre de 1997. Seus sete jogos finais pelo Boca ocorreram entre julho e agosto. E foram seis gols marcados, incluindo dois no “velho rival” Racing (vitória por 3-2, com direito a assistência de calcanhar de um regressado Maradona) e três em um 4-3 no Rosario Central.

Naquele embalo, Rambert virara até o cobrador de pênaltis do Boca, gerando até observação de que “agora o Boca converte pênaltis”. Tudo porque Maradona, antes do breve retiro em 1996, emendara nada menos que seis cobranças seguidamente desperdiçadas. Isso não impediu que a torcida pedisse que Dieguito, que já havia voltado, cobrasse um pênalti no amistoso de 18 de agosto que Dieguito marcou a primeira vez em que ele atuou ao lado de Juan Román Riquelme. Rambert bateu e… errou. O time perdeu em casa por 3-2 para a Universidad Católica. Mais palavras retiradas da El Gráfico de 2008: “Maradona me deu uma lição de grandeza. Me disse que chutasse. Na semana, veio me pedir perdão: ‘eu vou chutar os pênaltis, não quero que ninguém lhe faça mal por minha culpa, que xinguem a mim’, disse”.

Pelos dois lados no Superclásico: à esquerda, decola um aviãozinho em pleno aniversário em amistoso de pré-temporada em 1997

O ponta jogou só mais uma vez pelo Boca, no 4-2 sobre o Argentinos Jrs já pela primeira rodada do Apertura 1997, em 24 de agosto. O que não faltava na Casa Amarilla eram opções interessantes ao ataque, incluindo a volta de Caniggia e as contratações dos futuros ídolos Martín Palermo e Guillermo Barros Schelotto, dentre outros – falamos aqui.

No River de Francescoli

O ponta assinou com o River no dia 2 de setembro e na data seguinte já estreava como millonario, e marcando gol. Foi no 3-2 sobre o Santos, pela Supercopa – no mesmo dia, sem a concorrência de Pascualito no Boca, Palermo estreou pelos auriazuis (também contra brasileiros na Supercopa, os do Cruzeiro). Transferências diretas não eram, vale dizer, algo incomum até a vez de Rambert: no ano anterior, o uruguaio Gabriel Cedrés passara ao Boca semanas após faturar a Libertadores com o River. Ainda nos anos 90, o beque Fernando Gamboa (1994), o atacante uruguaio Rubén da Silva (1993), o meia Sergio Berti e o jovem Gabriel Batistuta (ambos em 1990) foram outros que rumaram diretamente de um a outro a ponto de defende-los em um mesmo ano.

Um outro diferencial a Rambert é que ele não se tornou somente o último doblecamiseta direto no Superclásico até hoje: por ainda ter defendido o Boca na rodada inaugural daquele Apertura 1997, ele também é o único que defendeu em um mesmo campeonato a principal dupla do país, sendo simultaneamente campeão e vice-campeão nas estatísticas daquele torneio histórico.

Rambert no River: escanteado na festa de Sorín, Solari, Berti e Francescoli no Apertura 1997, comemora à direita seu último gol pelo clube, ainda pelo Clausura 1999 – no 8-0 sobre o Gimnasia de Jujuy

Rambert terminou o ano de 1997 campeão também da Supercopa (fez outro gol na campanha, no 5-1 sobre o Vasco, ainda pela fase de grupos), último título internacional do Millo por longos dezessete anos, até a Era Gallardo. Mas na ocasião das duas voltas olímpicas, dadas em intervalo de apenas quatro dias, ele já era reserva do chileno Marcelo Salas, que ainda se ressentia de uma lesão quando o aviãozinho aterrissara em Núñez. E não conseguiria alterar a condição de opção de luxo no banco.

Epílogo com novas estatísticas

Ao longo dos anos seguintes, o Pascualito não só seria reserva também para Juan Antonio Pizzi, para os “Três Mosqueteiros” (Ariel Ortega, Pablo Aimar e Javier Saviola) e de Juan Pablo Ángel, como gradualmente virou até reserva do reserva: as opções imediatas em dado momento aos titulares eram Nelson Cuevas e Martín Cardetti. Rambert ainda voltou ao Independiente em 2000, mas já não era o mesmo. O piloto do aviãozinho rumou em 2001 ao sumido futebol grego e pendurou as chuteiras após pouquíssimos jogos até no Arsenal, na temporada de estreia da equipe de Sarandí na elite, em 2002.

No San Lorenzo, como assistente de Ramón Díaz: cargo que fez de Sebastián Rambert o último a trabalhar em quatro dos cinco grandes argentinos

Depois de Rambert, diversos outros fizeram a travessia entre a dupla principal argentina: Jorge Martínez (River 1998-99, Boca 2001-02), Abel Balbo (River 1988-89, Boca 2002), Nelson Vivas (Boca 1994-97, River 2003), Julio César Cáceres, Luciano Figueroa (ambos River 2006 e Boca 2008-09), Jesús Méndez (River 2004-06, Boca 2010-13), Jonathan Maidana (Boca 2005-08, River 2010-19 e desde 2021), Claudio Borghi (jogou no River em 1988-89, treinou o Boca em 2010), Jonathan Fabbro (Boca 2002-03, River 2013-14), Bruno Urribarri (Boca 2007, River 2014-15), Nicolás Bertolo (Boca 2006-08, River 2015-17), Lucas Pratto (Boca 2009, River 2018-21) e Tomás Pochettino (Boca 2015, River 2022). Mas, como indicado nos parênteses, nenhum deles ousou fazer diretamente a troca. Rambert também é um dos últimos homens com o trio Boca, River e Independiente no currículo.

Mesmo eterno reserva no River, o ex-atacante pôde cativar o treinador Ramón Díaz a ponto de reeditarem no San Lorenzo a parceria; isso, somado a passagem racinguista do tio Néstor, pôde fazer da família Rambert a única a se envolver com os cinco grandes do futebol argentino e fez de Pascualito o último a trabalhar em quatro deles. Foi assistente técnico nos dois ciclos que Díaz teve comandando os azulgranascampeão em 2007, mas em crise em 2010. Chegou a ser treinador, mas só no Crucero del Norte entre 2015-16; depois voltou a trabalhar de assistente, já nas comissões técnicas de Daniel Garnero (outro antigo compadre dos tempos de Rojo), colecionando taças no Paraguai por Olimpia e Libertad – enquanto Tomás Rambert, filho do ex-ponta, já vem aparecendo no time B do Independiente. Para, quem sabe, render três gerações familiares diferentes a serviço da metade vermelha de Avellaneda.

Filho de Sebastián, Tomás Rambert já está no time B do Independiente: terceira geração familiar no clube vem aí

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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