No último dia 5 completou 18 anos do jogo mais importante da história cordobense. O ano era 1998, em um 5 de julho, um dia após Argentina vs Holanda pela copa da França, aonde o selecionado alviceleste caiu frente à poderosa equipe de Denis Bergkamp e suas magnificas conclusões. Mas pouco disso importava na cidade de Córdoba, o que interessava era a decisão entre Talleres e Belgrano pelo segundo jogo da final do Acesso para a Primeira Divisão, Matador x Pirata.
As ruas foram invadidas pelos torcedores de ambas as equipes.No primeiro jogo o Talleres havia vencido por 1×0. Muita coisa estava em jogo, à honra de ser o dono na cidade e subir em frente ao rival ou perder o principal clássico da cidade alçando o antagonista para a Primeira Divisão.
“La final del Siglo” foi o nome dado pela imprensa portenha para a decisão. Na casamata encontravam-se Ricardo Gareca comandando a esquadra da “T” e Ricardo Rizzi com o “B”. O panorama futebolístico de Córdoba era tristonho, sendo a segunda maior cidade da Argentina e sem nenhuma equipe na divisão principal, aquela era a oportunidade de mudar tudo e ainda por cima sobre o maior rival. Para o Talleres vencer poderia ser ainda mais revigorante, os alviazuis vinham de 14 anos sem se quer uma vitória no derby e com duas derrotas seguidas na disputa por uma vaga na preciosa Primeira Divisão.
Dentro do Estádio Monumental de Córdoba houve recorde de publico, com a torcida dos Matadores em ligeira vantagem, que se refletiu na abertura do placar. Após um primeiro tempo truncado e sem muitas chances, o segundo tempo proporcionou tudo que um amante do esporte bretão aguarda. Aos 4 minutos Garay avança área adentro, e num toque para o meio da área encontra Albornos, que estufa o gol. Vitória parcial do Talleres e insanidade nas arquibancadas. Mas é um clássico e uma final, tudo pode acontecer. Em jogada de intensa troca de passes o Belgrano chega com seis jogadores na área de ataque e proporciona uma descarga de chutes em direção ao gol que teimam em encontrar zagueiros e goleiro, mas que ao fim, encontra o gol. O placar encontra-se em 1×1, o título ainda é Matador e faltam dez minutos para o apito final. Belgrano proporciona uma pressão descontrolada para alcançar o 2×1 e poder levar a decisão para as penalidades, sucedem-se lances de perigo; trave, defesa, bola raspando, travessão e falta! Aos 43 minutos falta para o Belgrano. Titi Sosa, camisa 9 pirata, ajeita a bola com carinho, o estádio que pulsava, agora se encontra quieto, apenas se escuta a respiração profunda e rezas de todas as possíveis religiões. Apita o juiz, Titi vai para a bola, ela passa a barreira e…GOL. Loucura Pirata e abatimento Matador agora mesclam os degraus de cimento do estádio.
Haverá pênaltis.
Os piratas encontram-se em polvorosa dentro e fora do gramado, o cenário é animador, o futuro possivelmente é de alegria para o time do Belgrano. Começam as penalidades, os dois primeiros batedores acertam. Chega o momento de Titi Sosa decidir novamente e como de costume ele decide, 2×1. Clementz agora tem que empatar, corre para a bola e erra. Talleres supostamente ficará mais um ano na B Nacional. Alarcon vai para a bola buscando aumentar o placar, chuta fraco e no meio, defende Cuenca. Depois Astudillo tem a chance de igualar e erra. Manrique tem a oportunidade de decidir, corre para a bola e perde. A Primeira Nacional parece não querer aceitar um time de Córdoba. David Diaz põe a pelota na marca da cal e sem muito espetáculo põe goleiro de um lado, bola do outro e iguala o marcador, 2×2. Em sequencia, Artime e Villareal também convertem. Binetti tem a chance de pôr o Belgrano outra vez na frente, vai para a bola e à coloca no travessão. Matadores enlouquecem pela primeira vez após o gol que abriu o placar no inicio do segundo tempo.
Alguns dizem que futebol é poesia e neste dia realmente o foi. Para decidir o último pênalti sobrou para Roberto Oste, ex-jogador do Belgrano, o número dezesseis pega a bola com visível nervosismo, a acomoda, dá alguns passos para trás, respira fundo e vem correndo com a força de um touro. Um touro com T, de Talleres, GOL! Afunda os cordéis da cidadela, Talleres volta para a Primeira Nacional e marca no couro o acesso sobre o maior rival.
As escalações da final foram compostas por:
Belgrano: Bernardo Ragg; Cosme Zaccanti, Diego Alarcón, Hernán Medina, Norberto Testa; Horacio García, Adrián Ávalos, Guillermo Guendulain, Hernán Manrique; Luis Sosa (c), Cristián Carnero. DT: Ricardo Rezza.
Talleres: Mario Cuenca (c); David Díaz, Horacio Humoller, José María Rozzi; Andrés Cabrera, Javier Villarreal, Fernando Clementz; Daniel Albornos, Diego Garay; José Zelaya, Ramón Medina Bello. DT: Ricardo Gareca.
Substituições: ST, 13m Carlos Gómez por Medina (B) y Luis Artime por García (B), 29m Rodrigo Astudillo por Garay (T), 37m Gustavo Lillo por Albornos (T) y 41m Roberto Oste por Zelaya (T). PTS: Cristian Binetti por Gómez (B).
Alguns dias depois a equipe do Belgrano também conquistou a vaga para a Primeira divisão, mas a flauta nunca será esquecida na cidade de Córdoba.
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Baita narrativa deste confronto épico.