Já se vão dez anos que Messi passou de simples promessa a quase-realidade, após aquela final naquele 2 de julho de 2005 contra a Nigéria de John Obi Mikel (cujo desempenho provocou escândalo entre Chelsea e Manchester United para tira-lo da Noruega). Já não seria arriscado travar aquela edição do mundial sub-20 como a mais histórica da competição apenas por esse rito de passagem. Mas, levando-se em conta outros destaques que o torneio já teve e comparando o desenrolar de suas carreiras, nenhuma foi tão beneficiada quanto a de Lionel. Nem o futebol, ainda bem.
Messi foi artilheiro e Bola de Ouro daquele torneio. Ou seja, o destaque absoluto. Apenas outros dois conseguiram isso: Sergio Agüero em 2007, talentosíssimo mas longe de ser sobrenatural como La Pulga; e, em 2009, o ganês Dominic Adiyah, que neste 2015 está jogando no “glorioso futebol” da Tailândia.
Maradona ganhou o torneio em 1979, quando já era bastante reconhecido na Argentina – ou seja, não faria-lhe tanta falta. A Iugoslávia de 1987 é tida como a melhor seleção, mas a guerra que o país viveria (e a Argentina de Maradona em 1990) privaria seus craques de voos ainda mais altos que o bronze alcançado pelos croatas na Copa de 1998. A dourada geração portuguesa bicampeã na virada dos anos 80 para os 90 não rendeu como um todo tanto na seleção principal, com os remanescentes dando vexame na única Copa para a qual se classificariam, em 2002 – Luís Figo foi o único deles a ser semifinalista em 2006. Já carreira de Saviola, o craque de 2001, não decolou tanto.
Além de 1979, 2001, 2005 e 2007, a Argentina venceu também em 1995, quando o Bola de Ouro da competição foi o comentarista Caio Ribeiro e o artilheiro foi o espanhol Joseba Etxeberria (dos argentinos campeões, só o lateral Juan Pablo Sorín realmente vingou); e em 1997, onde o uruguaio Nicolás Olivera recebeu a Bola de Ouro ao invés dos campeões Juan Román Riquelme ou Esteban Cambiasso, com o artilheiro sendo o brasileiro Adaílton. Cambiasso só viraria unanimidade cerca de uma década depois. E a magia de Riquelme, imensa, também não chega perto da de Lionel.
E pensar que aquela Argentina perdeu a estreia pera os EUA (que não deixou de sofrer bastante as jogadas plásticas de Messi. É talvez a partida que mais rendeu trechos no vídeo abaixo)… Messi balançou primeiro as redes do Egito, escorando bola cruzada por Nicolás Navarro que Pablo Zabaleta não alcançou – apesar disso, o lateral, ainda como meia, foi o outro grande talismã argentino do torneio, marcando no último minuto daquele jogo; abrindo o placar sobre a Espanha de Fernando Llorente (vice-artilheiro daquele mundial); e dando a vitória na semifinal contra o Brasil aos 48 do segundo tempo. Em jogada, a propósito, construída por Messi pela ponta-esquerda, carregando contra Edcarlos (que covardia!) antes de cruzar à grande área canarinha.
Messi passou em branco no outro jogo da primeira fase, contra a Alemanha, mas cresceu nos mata-matas. Contra a Colômbia de Zúñiga, Guarín e Rentería, triangulou pela ponta-esquerda com Rodrigo Archubi e marcou sem ângulo entre o goleiro e a trave para abrir o placar. Contra a Espanha, nas quartas, se antecipou para aproveitar bola rebatida pela zaga adversária, iludiu dois zagueiros e matou a partida, decretando o 3-1. Mas um gol ainda mais plástico veio contra o Brasil.
Os argentinos roubaram um passe brasileiro mal recuado e entregaram a Messi, que carregou diante de Fábio Santos (novamente, que covardia!) e soltou um foguete de fora da área no ângulo esquerdo de Renan. Na final, ele marcou, de pênalti, os dois gols do título. Deslocou o goleiro nigeriano em ambas as cobranças – uma em cada canto. Havia sofrido a primeira penalidade ao ser calçado por carregar a bola na grande área. Na outra, quem foi chutado foi Agüero, raro bicampeão mundial sub-20. Mas El Kun ainda era um adolescente de 17 anos e foi reserva naquela edição, deixando para brilhar na seguinte.
Além dos seis gols de Messi e dos três de Zabaleta, a Argentina marcou apenas com os obscuros Julio Barroso (no último minuto contra a Colômbia, garantindo a vitória) e Neri Cardozo, no único sobre a Alemanha – só tendo que concluir ao gol vazio jogada quase toda trabalhada por Messi. O torneio serviu não só para acelerar sua explosão no Barcelona. Mas também para, a princípio, mantê-lo lá.
Quando aquele mundial sub-20 começou, Messi tinha apenas um gol marcado como profissional do clube, cerca de dois meses antes: relembre aqui. Estreara profissionalmente naquela temporada em que os blaugranas voltaram a vencer La Liga, após imenso jejum de seis anos (veja), mas sem contribuir tanto: foram apenas nove jogos, vindo sempre do banco, e apenas aquele gol, justamente na nona e última partida. Contudo, o Barcelona, como faria com tantas outras promessas depois, considerava seriamente antes do mundial a hipótese de emprestar o maior jogador de sua história.
O título fez essa ideia passar longe. Conforme nota da revista Placar em agosto daquele 2005, “no meio do torneio, com as ótimas atuações do atleta e o interesse da Internazionale despertado, dirigentes do Barça voaram à Holanda só para renovar o contrato com Messi até 2010 – e, claro, inserir uma gorda cláusula de rescisão, de 150 milhões de euros. A atitude foi motivada também por um pedido do técnico Frank Rijkaard, que solicitou à diretoria do Barça que Messi não fosse emprestado pelo menos até o meio da temporada. O treinador quer testá-lo no início do Campeonato Espanhol”.
O resto é história. O mundial fez Messi conhecido de vez entre os argentinos e cerca de um mês e meio depois ele estreava pela seleção principal. Foi um desastre, expulso contra a Hungria (o mesmo oponente inicial de Maradona…). Mas conquistou a titularidade no Barcelona em meio à temporada 2005-06 e só perdeu presença na vitoriosa final da Liga dos Campeões por ainda recuperar-se de uma patada criminosa de Asier del Horno nas quartas-de-final contra o Chelsea. O bastante para, mesmo ficando no banco, ir também à sua primeira Copa do Mundo em 2006 – por que você não colocou ele ao invés de Julio Cruz contra a Alemanha, José Pekerman??
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